Antigo chairman aponta colapso do BES como parte de uma "tempestade perfeita" que levou a uma deterioração da cooperação entre Banif, governo, Banco de Portugal e autoridades europeias.
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Luís Amado, antigo presidente não executivo do Banif, fala numa "tempestade perfeita" com várias frentes que provocou, a partir de 2015, a deterioração de uma cooperação - até então eficaz - entre a administração do banco, o Governo, o Banco de Portugal, e as autoridades europeias.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros explica que "houve mudança de pessoas no Governo, no banco central, na Comissão Europeia e na própria Direção-Geral da Concorrência europeia, mas houve sobretudo o impacto da resolução do BES", condições que, no entender do antigo chairman, "afetaram as condições de pagamento da última tranche do capital contingente (Cocos) que estava em dívida até ao final de dezembro de 2014, o criou alguma hesitação quanto ao caminho a seguir".
Essa deterioração, diz Amado, aconteceu na pior altura, quando "era preciso garantir a coesão indispensável nos principais atores para lidar com um centro burocrático extremamente agressivo", e que tinha, em relação ao Banif, "um preconceito de raiz que nunca abandonou e que levou até às últimas consequências", afirma, referindo-se às exigências da DGCOM, que nunca aceitou as várias reformulações do plano de restruturação apresentados pela administração do banco. Essa foi, diz, uma "tempestade perfeita" que culminaria no fim do Banif.
Luís Amado diz que, também ele, se questionou se o seu currículo seria apropriado para a presidência do Banif. O antigo presidente não executivo respondeu à pergunta da deputada bloquista, que foi aos documentos da instituição tentar descobrir os motivos que levaram à contratação do antigo ministro.
Uma pergunta e uma resposta que originaram um momento de boa disposição no parlamento.
Depois, já mais a sério, Amado explicou que só aceitou o cargo porque o convite foi para o setor privado e porque o cargo era não executivo. O antigo chairman argumentou que para esse tipo de funções tinha um currículo apropriado disse que até recebeu um outro convite, para um cargo semelhante, que rejeitou
Explicações de Luís Amado, que nesta comissão já lamentou um sentimento de morte na praia em relação ao desfecho do Banif.