A ministra da Justiça defendeu que é essencial «apostar na dignificação da função pública», sobretudo quando que se pedem «muitos sacrifícios» aos trabalhadores do Estado.
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«Não há reforma do Estado nem reestruturação do Estado se olharmos apenas para as estruturas administrativas e cortarmos cegamente, isso não resolve nada. Temos de ter programação, planeamento, formação e temos de apostar em algo que pode parecer supérfluo mas não é: a dignificação da função pública», afirmou Paula Teixeira da Cruz perante os alunos da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide, Portalegre.
A ministra, que dava uma aula sobre a reforma do Estado, acrescentou: «Sem o sentimento de dignificação da administração pública também não vamos lá, sobretudo em tempos difíceis em que é preciso reconhecer que se estão a pedir muitos sacrifícios aos portugueses e aos funcionários públicos, designadamente».
Paula Teixeira da Cruz sublinhou ainda que não partilha «nada da ideia» de que há funcionários públicos a mais em Portugal.
«Tem a mais em alguns setores e a menos noutros e é isso que é preciso rastrear. Não se pode olhar de uma forma cega», sublinhou.
A ministra da Justiça disse ainda que quando se fala na reforma do Estado e em cortes de estruturas da administração não se pode também "cair na tentação de decapitar constantemente aquilo que é a massa crítica que existe na administração pública em detrimento do setor privado".
«Está por provar que o setor privado, ao contrário do que se diz muitas vezes, tenha maior eficiência que o setor público. Temos áreas de negócio onde isso é patente», acrescentou.
Paula Teixeira da Cruz disse aos alunos da Universidade de Verão do PSD que existe em Portugal «disfunção» e «sobreposição» na estrutura administrativa.
«Por uma razão perversa, muito perversa, isto é, fugir a uma burocracia que asfixiava o exercício de outras funções, designadamente na área cultural, social, de prestação de cuidados de saúde - era muitas vezes impossível de cumprir aquilo que eram as regras de contabilidade pública - fomos fugindo e criando estruturas sobrepostas sem nunca eliminar as antecedentes», disse.
«Ou melhor, eliminámos, decapitámos de alguma forma, sobretudo durante os últimos anos, aquilo que era a massa crítica das lideranças da administração pública», afirmou.