
Igor Martins/Global Imagens
A denúncia é feita pela comissão de trabalhadores do banco, que esteve reunida com a administração. Plano de reestruturação passa por despedimento coletivo. Banco de Portugal já fez saber que apoia a implementação plano de reestruturação e sublinha capacidade da equipa de gestão.
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A comissão de trabalhadores, em comunicado, revela que "o banco vai ter de reduzir em 2016 cerca de 1000 postos de trabalho, sendo suposto que 500 sejam através do recurso a um despedimento coletivo". Ainda assim, o número de despedimentos não está fechado.
Os representantes dos trabalhadores já avisaram a administração que não aceitam a decisão e lançam um apelo aos colaboradores do banco: "Solicitamos a todos os trabalhadores que não assinem qualquer documento, sem previamente consultarem a comissão nacional de trabalhadores ou o seu sindicato".
A comissão sublinha ainda que "os trabalhadores do Novo Banco são profissionais sérios e honestos, não tendo quaisquer responsabilidades sobre o que se passou com o BES, em agosto de 2014" pelo que "vamos até ao limite das nossas forças pela manutenção de todos os postos de trabalho e pela manutenção dos direitos adquiridos".
Os representantes dos trabalhadores consideram que "não faz sentido, qualquer plano de reestruturação, sem uma definição clara do que se pretende para o Novo Banco" e garantem que vão "lutar por outra forma de solução e pela suspensão desta medida".
Este organismo "entende que a nacionalização do Novo Banco seria a decisão mais justa e correta, o que aliás já defendemos, nas reuniões que tivemos em dezembro passado com o Ministério das Finanças e com os Grupos Parlamentares".
Para tentar travar o processo de despedimento coletivo, os trabalhadores anunciam que vão agora solicitar audiências ao Primeiro-Ministro, Ministro das Finanças, Ministro do Trabalho, Governador do Banco de Portugal e Grupos Parlamentares.
Na conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2015, na quarta-feira, o presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, não quis adiantar detalhes do plano de reestruturação, afirmando "estamos a abordar alguns trabalhadores e a negociar as suas saídas por acordo".
O banco anunciou prejuízos de 980 milhões de euros, sobretudo devido à herança do BES e ao crédito malparado.
Desde que o Novo Banco foi criado, saíram 411 trabalhadores. Nos outros bancos portugueses, só no ano passado saíram 309 colaboradores do BCP, 448 da Caixa Geral de Depósitos e 63 do BPI, sobretudo através de rescisões amigáveis e aposentações.
Administração do Novo Banco não descarta despedimento coletivo
Contactada pela TSF, a administração do Novo Banco revela que do plano inicial que previa a redução de 1000 trabalhadores, quase metade já deixou o banco (através de rescisões amigáveis e reformas antecipadas), sendo que falta encontrar uma solução para os restantes trabalhadores, cerca de 500. O recurso a um despedimento coletivo, diz a administração, não é descartado e é, aliás, uma das hipóteses que estão a ser avaliadas.
A administração do banco garante, no entanto, que vai tentar chegar a um acordo amigável com o maior número de trabalhadores.
Numa nota interna aos colaboradores, a que a TSF teve acesso, o Novo Banco diz que o esforço de redução de funcionários no ultimo ano, nomeadamente por via de reformas antecipadas, permite limitar o esforço de redução de colaboradores ainda por concretizar para um número não superior a 500.
Na mesma nota, a administração explica que vai continuar a dialogar com as estruturas representantes dos colaboradores para definir as vias mais adequadas para alcançar a redução total, de 1000 funcionários.
Banco de Portugal apoia plano de reestruturação
Em comunicado, o Banco de Portugal "reitera o seu apoio à implementação, pela equipa de gestão, do plano de reestruturação oportunamente apresentado e aprovado pelas autoridades europeias.
Quanto aos resultados anunciados na quarta-feira, do exercício de 2015, o supervisor "sublinha a capacidade da equipa de gestão e dos colaboradores do Novo Banco em garantir o retorno do banco à normal atividade bancária e em preservar a confiança dos depositantes e clientes da Instituição".