Novo líder da Carris quer mais sinergias e espera clarificação sobre acidente do Elevador da Glória

Rui Lopo, administrador TML e novo presidente da Carris
Foto: TML
Apaixonado pela observação de aves (birdwaching), Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), depois de ser escolhido por Moedas e ver o seu nome aprovado na última sessão de câmara, para suceder a Pedro Bogas, na liderança da Carris., dá a sua primeira entrevista à TSF, que será transmitida, este sábado, no programa Negócios em Português. O gestor admite que pensa num plano de atuação focado nas sinergias, mas remete diagnósticos aos constrangimentos de transportes da capital portuguesa para depois de assumir oficialmente a condução da empresa. Espera também que seja clarificadora a investigação em curso ao acidente do Elevador da Glória.
Rui Lopo defende um plano de atuação na Carris, em Lisboa, que passe pela criação de mais sinergias e cooperação na área dos transportes coletivos na Área Metropolitana de Lisboa, que este ano quase tocou nos 200 milhões de passageiros transportados.
Na primeira entrevista concedida a um órgão de comunicação social, depois de ver o seu nome ser aprovado em sessão de câmara de Lisboa, na última quarta-feira, como sucessor de Pedro Bogas, que se demitiu da presidência da Carris, após a tragédia do Elevador da Glória, Rui Lopo afirma à TSF que a nomeação para presidir ao conselho de administração da Carris é um estímulo extremamente positivo, uma vez que os desafios são enormes em matéria de mobilidade.
Questionado sobre uma eventual fusão da Carris de Lisboa com a Carris Metropolitana, remete tal hipótese para uma decisão política, mas, a nível técnico já pensou num plano estratégico de atuação que passe por maior cooperação e sinergias numa área metropolitana, agora presidida também por Carlos Moedas.
Ainda sem saber quando tomará posse, admite que existem múltiplos constrangimentos de transportes na capital portuguesa, mas não quer traçar diagnósticos sem colocar primeiro "as mãos no volante dos autocarros da Carris".
Desafiado a fazer um balanço da operação dos transportes da Área Metropolitana de Lisboa, desde o arranque da operação da Carris Metropolitana, garante que, em 2025, a empresa só não atinge os 200 milhões de passageiros transportados, por causa das condições climatéricas verificadas ao longo do ano, face aos 174 milhões de passageiros registados em 2024.
Nesta altura, dá conta da existência de mais de dois milhões de utilizadores de passe Navegante ativos, também a emissão de cerca de 400 a 450 mil cartões por ano e com regularidade de carregamentos na ordem dos 800 a 900 mil pessoas por mês.
No total, desde o arranque da Carris Metropolitana há quatro anos, houve aumento de cerca de 60% do número de quilómetros do transporte público, ou seja, hoje faz o dobro dos quilómetros que se fazia antes da existência da empresa, que regista ainda um aumento de 18 para 21 mil e 500 serviços por dia, durante 24 horas em quase 800 linhas.
Ao nível de investimento, o plano foi definido a sete anos e se de início previa cerca de 1,2 mil milhões, agora a estimativa é de 1,5 mil milhões de euros para o final do contrato em 2029, incluindo a prestação de serviços e a compra de autocarros que poderá rondar os 300 a 350 milhões de euros, para ter frotas mais sustentáveis, com veículos elétricos ou movidos a gás natural. Isto numa altura em que os autocarros elétricos já representam 10% a 12% da frota, o que considera ser bastante significativo, num universo de mais ou menos 1700 autocarros.
Nesta altura, a TML está em processo de reorganização da rede de transportes para otimizar a conciliação de horários e meios, desde autocarros a barcos, de forma a melhorar funcionalidades da app com o cruzamento de dados e informação em tempo real de todas as operações metropolitanas, que deverá entrar em testes durante o primeiro trimestre de 2026.
Para os utentes, deixa uma garantia. Não está previsto para 2026 nenhum aumento de preço de passes, apenas haverá o ajustamento de preço nos bilhetes comprados a bordo de acordo com a Taxa de Atualização Tarifária decidida pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. Os pré-comprados / pré-carrgados não terão aumento, mas o passe navegante não sofrerá qualquer aumento de valor.
Quanto à nova App da Carris Metropolitana já representa 30% das vendas, além dos cerca de 800 pontos físicos na região metropolitana de Lisboa, onde se pode adquirir títulos de transporte público ou fazer carregamento de passes..
Quanto à estreia do Navegante Empresas, dá conta de 500 companhias já aderentes ao passe corporativo e já mais de 12 mil trabalhadores a usar esse tipo de passe, pago pelas empresas todos os meses e que lhes dá benefícios fiscais em sede de IRC.
