O deputado do PS João Galamba considera difícil confirar no futuro quando o Governo se empenha em «destruir sistematicamente o presente».
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Dirigindo-se à ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que está hoje a ser ouvida na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, João Galamba acusou a governante de estar a «destruir sistematicamente o presente, na expectativa de que nessa destruição está o futuro».
«O Governo tem falado muito do futuro, mas é difícil olhar para este Orçamento do Estado [para 2014] e ver aqui algum futuro. Isto não é um novo ciclo, é exatamente o mesmo», lançou João Galamba, acrescentando que a ministra está a criar «um clima de autofagia e de proto guerra civil, virando público contra privado e velhos contra novos».
Para o deputado socialista, Maria Luís Albuquerque «está a lançar impostos ad hominem sobre uma parte da população e isso é inaceitável».
«Há dor, mas não há ajustamento. Os resultados são uma tragédia, não se percebe o otimismo da ministra das Finanças», disse ainda João Galamba.
Na resposta, a ministra das Finanças rejeitou todas as críticas feitas pelo Partido Socialista e afirmou que o PS «ignora os estados objetivos do crescimento económico», referindo-se ao crescimento em cadeia registado no segundo trimestre deste, ano de 1,1%, que - para Maria Luís Albuquerque - «demonstra que as reformas fazem sentido e produzem resultados».
A governante afirmou ainda que "o setor privado começou o seu ajustamento ainda em 2008", ao passo que "o público demorou muito a ajustar porque continuou a ter acesso a financiamento".
"O problema é que nós começámos a ajustar demasiado tarde e não foi por falta de diagnósticos. Mas as medidas foram sendo sucessivamente adiadas e, quando se tomam medidas mais tarde, isso é objetivamente mais duro. Não há outra alternativa", defendeu Maria Luís Albuquerque.
A ministra rejeitou que o Governo esteja a aplicar "cortes sobre cortes" e disse que o défice (que será de 5,9% este ano), está explicado "de forma clara e transparente" no relatório que acompanha o Orçamento do Estado para 2014.
"Quando fizemos o Orçamento para 2013 estávamos a contar com medidas que vieram a ser chumbadas" pelo Tribunal Constitucional e que tiveram de ser substituídas por outras.
"Como foi uma decisão tardia, o tempo para se pensarem medidas era também mais reduzido. Daí que tenhamos de forma clara e transparente revelado exatamente o valor do défice previsto para este ano" no relatório que acompanha o Orçamento do Estado para 2014.
No documento, o Governo estima que o défice este ano atinja os 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 5,5% acordados com os credores internacionais para 2013. Para 2014, o executivo estima que o défice caia para os 4%, tal como definido com a 'troika', composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.