O défice orçamental terá atingido os 8% no primeiro semestre do ano. O PCP fala em «descalabro», o BE diz que o Executivo não controla as contas públicas e o PS diz que o Governo falhou.
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O deputado comunista Honório Novo acusa o Governo de estar a conduzir o país para um segundo resgate.
«Há aqui um verdadeiro descalabro e também há um disparar de despesas sociais por causa do aumento terrível do desemprego. portanto, espanta a frieza com que este Governo e a troika estão a conduzir o país para um novo resgate», considera Honório Novo.
Questionado sobre o facto da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) admitir que esta estimativa não coloca em causa o objetivo do défice no final do ano, o deputado do PCP afirma que «a UTAO também assinala que este caminho no ano passado levou a que o défice anunciado de 5,5% acabasse por ser de 6,4%».
Também o Bloco de Esquerda diz que a históoria é sempre a mesma e que o Governo, tal como no ano passado, não vai conseguir cumprir a meta do défice para este ano.
O deputado Pedro Filipe Soares afirma que estas contas demonstram que o Governo não consegue controlar as contas públicas.
«Damos conta que o Governo não tem mão no défice e no equilíbrio das contas públicas. Vveremos a evolução ao longo do ano do défice mas a conclusão que retiro, e que é taxativa no relatório da UTAO, é que esta sequência da evolução do défice nos primeiros três meses do ano está em linha com o que aconteceu no ano passado», conclui.
Já o deputado Óscar Gaspar do PS diz que a estimativa da UTAO «significa o reconhecimento de um falhanço em toda a linha da política orçamental do Governo».
Ontem foi noticiado que o défice orçamental em contabilidade nacional, a que conta para Bruxelas, terá atingido 8% do PIB nos primeiros três meses do ano, consumindo assim mais de um terço do défice anual.
De acordo com um relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) enviado aos deputados, o défice das administrações públicas deverá estar «em linha com o observado em igual período do ano passado».
A estimativa da equipa que trabalha junto da Assembleia da República é para que o défice em contabilidade nacional tenha ficado entre 7,3 por cento e os 8,7 por cento.
Os técnicos explicam ainda que as administrações públicas já terão consumido 36 por cento do défice previsto para o conjunto do ano, mais de um terço.