Entre o investimento em Portugal e os gastos nas cerimónias dos 60 anos de Aga Khan como líder dos muçulmanos ismaelitas, os cofres lusos ficam um pouco mais cheios.
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Entre turistas, atores, cantores, vedetas internacionais, Portugal já recebeu muita gente, mas dificilmente terá recebido alguém que chegue com os bolsos tão cheios. Aga Khan está em Lisboa desde sexta-feira para comemorar 60 anos como líder dos muçulmanos ismaelitas e para inaugurar a sede da comunidade que conta já com mais de 15 milhões de pessoas espalhadas por todo o mundo.
Para além do "Ismaili Imamat" (imamato ismaelita), a sede mundial dos ismaelitas, Portugal foi o país escolhido para construir a primeira academia Aga Khan na Europa. Nestas duas estruturas foram investidos 100 milhões de euros.
A academia Aga Khan destina-se a crianças dos 5 aos 18 anos e vai receber cerca de mil alunos no Palácio Henrique de Mendonça, na Rua Marquês da Fronteira, em Lisboa, que o imã comprou por 12 milhões de euros.
Só esta semana, durante as comemorações, 15 milhões de euros serão gastos no aluguer da Altice Arena, FIL, Pavilhão de Portugal e Cinemas Vasco da Gama, no cachê de artistas, comunicação e marketing.
O jornal Eco estima ainda que os membros da comunidade ismaelita, a grande maioria da da classe alta e média-alta, gastem durante a estadia em Lisboa entre 2.050 mil e 4.200 euros em alojamento, transportes e compras, o que totaliza um impacto económico de 123 milhões de euros a 252 milhões de euros para Lisboa.
Tido como uma das pessoas mais ricas do mundo - em 2012, a revista Forbes situava a sua fortuna em cerca de 700 milhões de dólares - o príncipe Aga Khan fundou uma das maiores redes privadas para o desenvolvimento global, empregando 80 mil pessoas.
O AKDN, Aga Khan Development Network, um grupo de agências privadas internacionais que procuram melhorar as condições de pessoas em várias regiões do mundo, tem um orçamento anual para atividades sem fins lucrativos que ronda os 600 milhões de euros.
A organização trabalha em 30 países, incluindo Portugal. Beneficia dois milhões de alunos com programas anuais de educação, providencia cuidados de saúde a cinco milhões de pessoas, apoia empresas e comunidades marginalizadas, como o
bairro da Curraleira.
Na área da ciência, a rede Aga Khan tem desde 2016 com o governo português um acordo de cooperação que envolve 10 milhões de euros em 10 anos, para bolsas e projetos, nacionais ou nos países africanos de língua portuguesa.
Já as crianças cujas famílias foram vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, em junho do ano passado, podem usufruir de um donativo de 500 mil euros para bolsas de estudo, havendo mais 100 mil euros doados pela comunidade ismaelita para plantação de árvores na mata nacional de Leiria, na sequência dos incêndios do ano passado.
Há dois anos, os ismaelitas também contribuíram com 200 mil euros na angariação de fundos lançada pelo Museu Nacional de Arte Antiga para a compra do quadro "A Adoração dos Magos", do pintor português Domingos António Sequeira.