O governador do Banco de Portugal diz que seria curioso demitir-se por "um pequeno incidente". É assim que Carlos Costa classifica as críticas do primeiro-ministro à sua atuação no caso BES.
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Numa entrevista ao semanário Expresso, Carlos Costa diz que não se demite porque tem um projeto e um grande desafio e "é muito importante que esta instituição mantenha o seu papel na resposta a esse desafio e na concretização desse projeto, sabendo que isso vai levar tempo, e muito do que hoje se avalia sobre esta instituição há de ser visto quando o tempo permitir".
Quanto à polémica com António Costa o Governador do Banco de Portugal diz que "está encerrada" a partir do momento em que o primeiro-ministro disse que não estava em causa a independência do Banco Central.
"As Relações entre o Banco de Portugal, o Ministério das Finanças e a Presidência do Conselho de Ministros têm sido de cooperação empenhada e leal", diz Carlos Costa, que sublinha, "empenhada e leal da nossa parte como salvaguarda da nossa independência e autonomia. E a única coisa que deve ter acontecido foi uma falta de informação acerca de uma reunião que já estava agendada".
Carlos Costa lembra que já trabalhou com quatro ministros das finanças e três primeiros-ministro.
E, se os partidos que agora apoiam o governo não o compreendem e o criticam então Carlos Costa lembra que há muitas pessoas a decidir dentro do Banco de Portugal, ele é apenas "a cabeça visível". Ele é apenas "um entre 1700 colaboradores da instituição".
Sobre a questão dos lesados do BES, Carlos Costa não fecha a porta a uma solução para o papel comercial mas tem que ser dentro do quadro legal que existe. E deixa um recado: é a CMVM que tem a supervisão dos produtos e "pode reverter a operação".
Em relação à manutenção do Novo Banco na esfera pública, Carlos Costa deixa isso para uma decisão do Governo, já que ele diz ser "um mero executante das politicas definidas". Mas, adianta, que o impacto da venda do Novo Banco não vai ter custos para os contribuintes vai, isso sim "custar aos bancos".