Marco António Costa tinha acusado o FMI de «hipocrisia institucional». Após várias reações, o porta-voz do PSD reafirma a crítica e diz que tem «maior liberdade» para o fazer.
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«A minha declaração de ontem [quarta-feira] foi enquanto porta-voz do PSD e reafirmo-a na totalidade», declarou o porta-voz do PSD aos jornalistas, no final de uma ação de campanha para as eleições autárquicas, na Covilhã.
«Aquilo que eu afirmei parece-me de uma clareza total e absoluta: se há uma instituição que produz relatórios, que nesses relatórios faz declarações piedosas acerca de determinadas matérias de enorme relevância para os países que estão sob resgate e se depois aquilo que nós encontramos não é consequente com o que está nos relatórios, não tenho dúvidas em afirmar que se trata de hipocrisia institucional», reiterou.
De acordo com Marco António Costa, «o PSD tem a liberdade de ser um partido com opinião própria relativamente a estas matérias», enquanto o Governo tem «uma conduta» de «reserva» enquanto decorrem as negociações com a troika.
«Eu tenho uma maior liberdade, na qualidade de porta-voz do PSD, de expressar aquele que é o pensamento do nosso partido relativamente a estes factos, objetivar, explicar o porquê, e acima de tudo, dar azo a uma explicação pública do nosso sentimento relativamente a estes factos», reforçou.
Questionado se o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, estava a censurar a sua crítica ao FMI quando considerou que «é preferível não haver um nível de comunicação pública muito elevado» sobre a troika durante as avaliações do programa de resgate de Portugal, Marco António Costa contestou essa leitura.
Segundo o porta-voz do PSD, «o que se passou foi uma coisa completamente distinta»: Jorge Moreira da Silva, «na qualidade de membro do Governo», apenas «expressou a sua reserva absoluta de se pronunciar» sobre negociações em que está envolvido.
«Não há nada de extraordinário, trata-se de uma conduta que eu próprio quando era membro do Governo cumpria, porque faz parte das regras institucionais que o Governo tem de garantir», alegou o ex-secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social.
Interrogado se o ministro da Economia, António Pires de Lima, não fugiu a esse princípio ao pedir «coerência» aos credores do Estado português, Marco António Costa respondeu que «os senhores ministros foram de uma sobriedade e de cautela total».