O secretário-geral adjunto da OCDE, Pier Carlo Padoan, afirmou hoje no parlamento que, apesar das reformas já feitas, «há margem de manobra para melhorar a qualidade e a composição da consolidação orçamental».
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O também economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está hoje a ser ouvido pelos deputados da comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Público sobre o relatório "Portugal - Reforming the State to Promote Growth" (Portugal - Reformar o Estado para Promover o Crescimento, pedido à Organização pelo Governo e divulgado em maio.
Para Pier Carlo Padoan, «se a despesa tem de ser cortada, a questão é saber se o Estado está preparado para deixar de fornecer esses serviços e, mais importante ainda, como podem esses serviços ser fornecidos, apesar dos cortes».
«Isso é possível? A resposta é sim. Há margem de manobra para melhorar a qualidade da despesa pública», lançou Carlo Padoan.
De acordo com o economista-chefe da OCDE, as prioridades para Portugal têm de ser «melhorar a qualidade dos serviços, abrir à sociedade a procura de soluções, incluindo à administração pública».
No entanto, alertou, «isto implica ter um Estado que funcione», que «tenha uma visão estratégica de longo prazo».
Carlo Padoan referiu ainda que é preciso melhorar o capital humano dos trabalhadores portugueses, apostando na sua educação, e que é preciso promover a tecnologia e a inovação para criar um ambiente económico que promova o investimento.
No relatório "Portugal - Reforming the State to Promote Growth" (Portugal -- Reformar o Estado para Promover o Crescimento, de maio, a OCDE aconselhou Portugal a manter os objetivos de consolidação orçamental, mas enquanto o crescimento económico não se desviar do valor previsto.
A OCDE defendeu que Portugal precisa de uma estratégia para aumentar a produtividade e retomar a competitividade através da adoção de reformas estruturais de longo prazo para que a consolidação orçamental se torne permanente no tempo.
A organização lembrou o «ambicioso» plano de reformas que tem vindo a ser adotado em Portugal, mas que os custos sociais e económicos desse ajustamento também têm sido elevados.