"Precisamos de passar das palavras às ações." Acordo de Paris faz dez anos, mas "principal promessa" está por cumprir

Foto: Photo by Zhang qc on Unsplash (arquivo)
O Acordo de Paris foi assinado há dez anos. Em declarações à TSF, Francisco Ferreira pede "coragem política" para colocar alterações climáticas "no topo das prioridades"
A associação ambientalista Zero acredita que o aquecimento global estaria pior sem o Acordo de Paris, mas o que foi feito até agora está "aquém das expectativas". Assinalam-se, esta sexta-feira, dez anos desde a assinatura do acordo que definiu várias metas de emissões poluentes para os 196 países que participaram na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em 2015. Em declarações à TSF, Francisco Ferreira, presidente da Zero, considera que o acordo não tem conseguido cumprir a principal promessa de redução de emissões a nível global estabelecidas para este ano.
"Estamos convencidos de que, sem Acordo de Paris, estaríamos num caminho muito pior em termos de aquecimento global, mas o Acordo de Paris não tem conseguido cumprir a sua promessa principal, que era garantir que agora, em 2025, iríamos começar a reduzir as emissões à escala global, resultantes da queima de combustíveis fósseis, do carvão, do gás natural, do petróleo, e que, além disso, nós tínhamos apoio suficiente, quer para a redução das emissões, quer em termos da adaptação a um clima cada vez pior em termos de consequências", explica à TSF Francisco Ferreira, falando numa "satisfação limitada".
O presidente da Zero refere a necessidade de ajuda dos países em desenvolvimento, recordando que o Acordo de Paris previa apoio monetário dos países desenvolvidos para auxiliar na redução das emissões e na adaptação ao clima. Por isso, para Francisco Ferreira, a palavra-chave para o futuro é "implementação": "Precisamos de passar das palavras às ações."
"Sabemos quais são os caminhos, sabemos o financiamento que é necessário, sabemos que metas têm que ser atingidas e com que rapidez. A ciência diz-nos, através de um conjunto de mais de 3000 cientistas de todo o mundo, reunidos num painel intergovernamental para as alterações climáticas, os cenários que temos pela frente e o que precisamos é de ter a coragem política de dar valor a este problema e pô-lo no topo das prioridades", sublinha.
Neste momento, os valores do aquecimento global apontam para os 2,5 graus, sendo que o objetivo do Acordo de Paris é chegar aos 1,5 graus.
