O presidente da Vodafone garante que não só os preços das comunicações móveis em Portugal são mais baixos que a média Europeia como nos últimos anos têm sido reduzidos.
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Mário Vaz, presidente da Vodafone Portugal, explica que a receita média por consumidor em Portugal ronda os 10 euros mensais e que esse valor está muito abaixo da média europeia, que andará perto dos 20 euros. E desmente o FMI, que num relatório publicado em Janeiro disse estar «muito desapontado» com a ausência de baixa de preços das telecomunicações em Portugal: «Todos os meses temos baixado. Tanto assim é que as receitas das telecomunicações móveis no ano passado terão reduzido 10 a 11 %. Não tendo reduzido o número de utilizadores isto significa que reduzimos os preços. Isto é sinal de que houve margem para baixar preços. A nossa expectativa é que neste ano a redução venha a ser outra vez nestas dimensões».
Receita média por cliente é metade da média europeia
Mário Vaz garante ainda que «o valor que os clientes pagam mensalmente é manifestamente inferior à média europeia. Em média, a receita média do operador por cliente anda na casa dos 10 euros». Um valor médio « global, que inclui clientes particulares e empresariais, clientes pré-pagos e clientes pós-pagos». O presidente da operadora insiste que «é um valor muito baixo e que tem vindo a reduzir-se, e isto é sinónimo não só da competitividade mas também do baixo preço que promovemos no mercado».
«Operadores não têm rentabilidade para oferecer telemóveis topo-de-gama»
Em países como Inglaterra ou Espanha não é difícil encontrar tarifários pós-pagos com valores inferiores aos equivalentes em Portugal e que ainda por cima oferecem - ou vendem a preços quase simbólicos - telemóveis topo-de-gama. Mas nesses mercados «quando encontra um iPhone a zero euros vai ver que a mensalidade que é requerida ao cliente não é do plano mais baixo, é do plano mais elevado. E se nesse mercado os clientes optarem maioritariamente por planos pós-pagos, com receitas médias de 30 ou 40 euros por mês, os operadores podem investir e oferecer telefones». Já no mercado português, « onde 80 % dos clientes escolhem tarifários pré-pagos e a receita média por cliente é de 10 euros, não é viável oferecer telefones porque não os operadores não têm rentabilidade para isso».
Quadro de pessoal reduzido em 50 colaboradores em 2013
A Vodafone vai perder 50 trabalhadores em 2013. A crise tem retirado rentabilidade às operadoras de telecomunicações e isso tem obrigado a empresa a « racionalizar recursos e isso significa também uma redução de colaboradores. Temos vindo a fazê-lo de uma forma continuada. Há áreas hoje onde já não faz sentido produzir alguns serviços, porque deixaram de ser atrativos para os clientes ou foram substituídos por outro tipo de comunicações. Chegámos a acordo com as pessoas e temos reduzido o número de colaboradores». Por outro lado, Mário Vaz explica que ao mesmo tempo também tem havido recrutamento de « engenheiros para outros tipos de serviços». Saldo final: «Começámos o ano passado com 1500 colaboradores, e fecharemos 2013 com 1450.»
Se a fusão Zon-Optimus não avançar, Vodafone pondera «reavaliar» a situação
A fusão da Zon com a Optimus, que ainda espera luz verde da CMVM e da Autoridade da Concorrência, pode criar um novo gigante das telecomunicações em Portugal. Em Portugal a Vodafone não adotou uma estratégia de crescimento baseada em fusões ou aquisições, mas Mário Vaz garante que se o negócio entre a Zon e a Sonaecom não avançar, « teremos de reavaliar a situação. Nós sempre dissemos que uma consolidação fazia sentido». Mas para já, «o nosso papel é alertar para os riscos que podem advir desta fusão, e o risco maior é uma consolidação do duopólio que existe na área fixa».