A instabilidade gerada pela suspensão da negociação das ações do BES e do ESFG marcou a sessão desta quinta-feira e nem as praças europeias escaparam.
Corpo do artigo
O principal índice da bolsa portuguesa encerrou a sessão de hoje a cair 4,18% para 6.105,24 pontos, com todas as cotadas a desvalorizarem, num dia marcado pela suspensão da negociação das ações do BES e do ESFG.
Entre as 20 cotadas no PSI20, as perdas no fecho variaram entre os 1,32% da Jerónimo Martins e os 11,56% da Teixeira Duarte. Já os títulos do BES e do ESFG, cuja negociação foi suspensa, registaram quedas de 17,24% para 0,509 euros e de 8,85% para 1,185 euros, respetivamente.
No resto da Europa, o dia também foi negativo. Alguns analistas já lhe chamam o "sell-off do Ano", ou seja, o episódio de contágio mais significativo de 2014 em especial nos mercados periféricos.
Em Madrid, o Liberbank fez saber que detém 1,92 milhões de títulos da Espírito Santo Finantial Group e chegou a afundar quase 8%, tendo só restantes títulos da banca espanhola registado quedas entre os 3 a 3,5%.
Também em Frankfurt, os títulos da banca foram dos mais penalizados, com quedas na ordem dos 2%, o caso do Deutsche Bank e do Commerzbank, o mesmo nível de queda na bolsa de Paris, em títulos, como o Crédit Agricole e a Societé Generale.
Em Londres, o Loys foi poupado às quedas, já o Barclays fechou em terreno negativo e já após o fecho da bolsa britânica, emitiu um comunicado da situação, considerando que o caso teve impacto no "sell-off" noutros mercados periféricos, levantando a alguns investidores duvidas quanto a eventuais problemas latentes no sistema bancário, mas que na análise do Barclays « não obstante qualquer outra má notícia, considera bastante limitadas as implicações financeiras soberanas».
Outros analistas consideram que as preocupações com o grupo Espírito Santo alastraram-se aos mercados norte-americanos, onde está cotado.
O Wall Street Journal diz que os receios quanto à saúde financeira do maior banco credor português enviaram ondas de choque quer nos mercados de ações, quer de obrigações.
A agência Bloomberg afirma mesmo que os credores da Espírito Santo duvidam das garantias dadas pelo próprio Banco de Portugal, de que o BES está protegido da Espírito Santo Internacional.
O Finantial Times considera mesmo que o português BES desencadeou o "sell-off" na Europa e os mercados periféricos de Espanha e de Itália são dos mais atingidos.
À Reuters, um especialista em mercado da dívida explica que a missão de obrigações a três anos da Grécia foi atingida pela turbulência em redor do grupo Espírito Santo, dando o exemplo de um investidor interessado na emissão grega que desistiu depois de saber dos acontecimentos na bolsa de Lisboa.