"Temos sempre a ambição de fazer melhor", diz Costa sobre défice e crescimento
Primeiro-ministro diz ter ficado satisfeito com a descida do défice para 1,9% no primeiro semestre. Garante ainda que "já é claro" que Caixa Geral de Depósitos não terá impacto na avaliação do défice.
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"É um bom sinal sobre a continuidade da trajetória de crescimento que foi retomada em 2016 e que tem de ser prosseguida". É desta forma que António Costa reage depois de o crescimento económico do país ter sido revisto em alta no segundo trimestre, segundo o Instituto Nacional de Estatística, dos 2,9% para os 3%.
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O primeiro-ministro esteve, esta tarde, no ISCTE, em Lisboa, numa sessão plenária do Conselho Nacional para a Economia Social, a propósito do Portugal pós-2020. À entrada, questionado pelos jornalistas, comentou ainda o défice de 1,9% no primeiro semestre, um valor que fica abaixo dos 3,1% registados no mesmo período do ano passado, mas que ultrapassa os 1,5% fixados pelo Executivo socialista para o conjunto de 2017.
"Corresponde aos números que temos tido de execução orçamental, que nos permite chegar ao final do ano cumprindo o nosso objetivo", afirmou, adiantando ainda que o Governo tem "ambição" de ter resultados melhores do que os inscritos no Programa de Estabilidade: "Temos sempre a ambição de fazer melhor".
Complementando, António Costa diz que o Governo tem revelado prudência: "Aquilo que constatamos é que estamos a crescer de uma fora mais sólida do que as expectativas, mas isso também revela a forma prudente como temos elaborado os exercícios orçamentais".
Recapitalização da CGD não conta para Bruxelas
António Costa garante ainda que a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) não terá qualquer impacto no défice: "Hoje já é claro, também para a própria a Comissão Europeia, que o eventual efeito estatístico desse registo [da recapitalização da CGD] não terá impacto na apreciação do desempenho orçamental português".
"Uma coisa é o efeito contabilístico, outra coisa é o juízo para efeitos de Procedimento por Défice Excessivo (PDE)", acrescentou António Costa, que defendeu que a medida é encarada como "absolutamente excecional", sublinhando, no entanto, que "ainda não há acordo nessa matéria" entre as entidades estatísticas.
Estudo de economistas é bem-vindo, mas Governo não se desvia do caminho
Depois de falar do desempenho da economia portuguesa, António Costa abordou também o tema do estudo feito por um grupo de economistas - entre os quais o deputado socialista Paulo Trigo Pereira -, que defende que Portugal deve negociar com Bruxelas uma maior folga orçamental.
Segundo o primeiro-ministro, o estudo é "bem-vindo e oportuno", mas António Costa diz que ouviu os comentários "mais desencontrados" em relação ao mesmo, aconselhando aos que se pronunciam sobre o mesmo que "o leiam".
Quanto ao conteúdo do documento, o governante diz apenas que o Executivo está no bom caminho e que esse caminho é para manter: "Felizmente, quer a economia quer a execução orçamental, mostram que estamos no caminho. E quando se está no caminho certo há uma boa coisa a fazer: manter o mesmo caminho", disse, indicando que os resultados dos últimos trimestres não devem ser a exceção, mas a regra, tendo em vista uma "década de convergência".