Trabalhadores da Autoeuropa aderem à greve geral: reforma laboral é "ofensiva sem precedentes"

Patricia de Melo Moreira/AFP (arquivo)
"A justificação do Governo para o aumento de produtividade esbarra no exemplo da Autoeuropa, que há muitos anos é uma das empresas mais produtivas do Grupo Volkswagen e de Portugal", sublinha a Comissão de Trabalhadores
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa anunciou esta quinta-feira que vai aderir à greve geral de 11 de dezembro contra o pacote laboral proposto pelo Governo, que considera ser "um ataque aos direitos dos trabalhadores".
Segundo um comunicado da CT da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, no distrito de Setúbal, a greve geral, convocada pelas centrais sindicais UGT e CGTP, "é uma resposta necessária e justa ao pacote laboral que o Governo quer impor, e que representa um ataque frontal aos direitos conquistados durante décadas".
Em declarações à TSF, o coordenador da Comissão de Trabalhadores, Rogério Nogueira, nota que as propostas defendidas pelo Governo não são "coerentes" com o cenário vivido na Autoeuropa.
"Somos das fábricas com mais índices de produtividade no Grupo Volkswagen e não não é alterando a legislação atual que deixamos de ser produtivos. Isso esbarra em tudo o que acontece aqui. A Autoeuropa é um bom exemplo de que não é como com leis mais lesivas e duras para os trabalhadores que se atinge os índices de produtividade que se pretende atingir", vinca.
Rogério Nogueiraesclarecee, por isso, que o que está em causa com a reforma laboral é uma "ofensiva sem precedentes aos direitos e garantias dos trabalhadores" e garante que a comissão está "focada" em mobilizar os trabalhadores para esta luta.
"Iremos fazer no futuro plenários para esclarecer ainda mais os perigos que este pacote laboral traz para quem trabalha", assegura.
A CT da Autoeuropa aponta o que considera serem aspetos negativos das alterações propostas pelo Governo no novo pacote laboral, designadamente a facilitação dos despedimentos, aumento da precariedade, aumento da desregulação dos horários e maior exploração do trabalho por turnos e fins de semana.
O alargamento dos serviços mínimos, esvaziando o direito à greve, a possibilidade de compra de férias, redução de direitos parentais e a facilitação do recurso das empresas ao outsourcing, são outros aspetos da proposta de alteração das leis laborais, que a CT da Autoeuropa considera serem um ataque aos direitos dos trabalhadores.
"No dia 11 de dezembro, estaremos juntos com milhares de trabalhadores em todo o país, contra o pacote laboral, a precariedade e o ataque aos direitos [dos trabalhadores]", lê-se no comunicado da CT da Autoeuropa.
