O Banco de Portugal falhou e a audição de Vítor Constâncio na comissão de inquérito à CGD é prova disso mesmo, condenam os deputados.
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Um por um, os deputados que esta quinta-feira ouviram Vítor Constâncio na comissão de inquérito à Caixa deixaram farpas ao ex-governador.
Paulo Sá fez questão de "agradecer a em nome do PCP" o "testemunho eloquente da inutilidade da supervisão bancária".
"O pior cego é o que não quer ver", atirou Duarte Marques do PSD. No que toca à gestão danosa na Caixa, Vítor Constâncio "ou fez parte ou foi deixado de parte".
Também para a bloquista Mariana Mortágua, nesta audição Vítor Constâncio fez parecer que o Banco de Portugal não pode fazer mais do "verificar rácios e confirmar ratings". E na mesma linha Cecília Meireles, do CDS, reiterou que permanecem as dúvidas sobre que competências tinha de facto Vítor Constâncio.
A social-democrata Inês Domingues diz que este é "o exemplo acabado de um estilo português suave. Ninguém pede que o supervisor assente arraiais, mas pede-se responsabilidade".
Parece que dentro do Banco de Portugal "existe uma muralha chinesa que o impediu de ver o que se passava na CGD", já que segundo o ex-governador há muita informação que não chegou ao conselho de administração, considerou por sua vez o socialista João Paulo Correia.
A supervisão devia "ser o VAR de todo este sistema", em vez disso "não fez o seu papel", não protegeu os contribuintes, condenou.
Vítor Constâncio respondeu-lhe depois que o papel do Banco de Portugal não é proteger os contribuintes, mas sim os depositantes e a estabilidade do sistema financeiro.
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