A hierarquização dos partidos políticos (os muito grandes que andam pelo poder, os grandes que têm assento parlamentar, os pequenos que têm aspirações reais a eleger deputados e os muito pequenos que não conseguirão lá chegar) é um bom espelho da sociedade portuguesa.
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Não têm autocarros a despejarem apoiantes de todo o país para encherem comícios, não têm jantares em pavilhões, não têm brindes publicitários, canetas, isqueiros, sacos e aventais, não têm ecrãs gigantes, às vezes nem têm um sistema de som, não têm uma bolha cerrada de apoiantes ou de forças policiais à volta dos líderes, não têm viagens de helicóptero com os jornalistas nem jantares de carne assada. No fundo, não têm dinheiro nem a mesma exposição na comunicação social.
É claro que nesta "liga dos últimos", há os pequenos da primeira e os pequenos da segunda divisão. Há os pequenos que têm gente que já está na política, que vive da política, que exerce - ou já exerceu - cargos por eleição.
E há os pequenos que nascem exclusivamente da sociedade civil, com gente que nunca esteve na política e que, regra geral, tem outras profissões. Os pequenos dos pequenos fazem campanha eleitoral nas horas vagas, quando saem do trabalho, quando podem.
A hierarquização dos partidos políticos (os muito grandes que andam pelo poder, os grandes que têm assento parlamentar, os pequenos que têm aspirações reais a eleger deputados e os muito pequenos que não conseguirão lá chegar) é um bom espelho da sociedade portuguesa.
Os muito ricos andam de motorista e não se preocupam com nada, têm tudo feito quando chegam a casa. Os ricos têm um bom carro, mas logo à noite têm que cozinhar se quiserem comer.
Os pobres andam de transportes públicos e têm que fazer o jantar quando chegam a casa. Os muito pobres fazem contas à vida e compram salsichas para o jantar.
E os jornalistas, na maior parte das vezes, enchem chouriços com soundbites.