União de freguesias: reportagem na maior "aberração" do país

União de freguesias: reportagem na maior "aberração" do país

Ao longo desta campanha eleitoral autárquica, a CDU tem acusado o Governo de não ter conseguido reverter o processo de união de freguesias, levado a cabo em 2013 pelo governo de PSD e CDS-PP. É raro o discurso de Jerónimo de Sousa que não garanta que esta continua a ser uma luta do Partido Comunista Português. Por isso mesmo, a caravana da CDU passou esta segunda-feira por Alcácer do Sal e por aquela que é, de acordo com o presidente da união de freguesias local, a maior "aberração" do país. O autarca garantiu ao jornalista Miguel Midões que é mais fácil ir a Lisboa do que percorrer a união de freguesias de ponta a ponta e que até o ministro da Administração Interna já garantiu que se tratava de uma "aberração".

É uma união de freguesias maior do que a ilha da Madeira, pois tem 900 quilómetros quadrados. Arlindo José Passos é o atual presidente e recandidato pela CDU e não poupou críticas ao Governo por nada ter feito até agora para reverter o que PSD e CDS-PP impuseram. "São precisos 200 km para percorrer toda a freguesia", garante, daí que seja mais fácil e mais curto ir até Lisboa.

Alcácer do Sal, por si só, já é o segundo maior concelho do país, logo depois de Odemira. "É mais fácil ir a Lisboa, ir e vir, do que dar a volta a toda a freguesia", desabafa o autarca, que garante que já levaram o assunto a debate na Assembleia da República e tem esperança no projeto de lei que pode vir a fazer marcha-atrás nesta medida. Tem esperança, mas ao mesmo tempo receio que possa não se vir a confirmar.

António e Amélia Barbosa




(Rui Manuel Fonseca/Global Imagens)

António e Amélia guardam o Caminho de Santiago à espera de peregrinos que não chegam

Amélia e António Barbosa, de 83 e 85 anos, guardam o Caminho de Santiago, que lhes passa à porta em São Romão de Neiva, Viana do Castelo. Há quatro anos, a Junta de Freguesia incumbiu-os de carimbar as credenciais dos peregrinos que, até à pandemia, passavam aos magotes a cerca de 50 metros de sua casa na Travessa das Minas. Desde aí, o casal de octogenários já assentou o carimbo na credencial de cerca de 10 mil pessoas (números da autarquia) e viveu estórias que "dão para rir e para chorar" com gente vinda de todo o Mundo. "Há pessoas que passam aqui, que nós temos dificuldade em as compreender. E apenas por gestos conseguimos chegar lá", conta António Barbosa, homem culto e respeitado na freguesia, que se orgulha da missão que lhe foi pedida. "É sempre muito gratificante receber aqui pessoas que a gente nunca viu, que nunca encontramos. É a primeira vez e última", comenta.