IA será aposta do INL. "Obsolescência" dos equipamentos preocupa nova diretora-geral
Clivia Sotomayor Torres toma posse esta sexta-feira, Dia Ibérico da Ciência, como nova diretora geral do INL.
Corpo do artigo
Clivia Sotomayor Torres, natural do Chile, é a nova diretora geral do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL). Sucede no cargo a Lars Montelius que ocupou estas funções durante os últimos oito anos.
A cerimónia de tomada de posse está agendada para esta sexta-feira, Dia Ibérico da Ciência, pelas 09h00, no INL, laboratório criado pelos governos de Portugal e Espanha. A cerimónia irá contar com a presença da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e da Presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia - FCT, Madalena Alves.
TSF\audio\2023\11\noticias\17\vanessa_baptista_noite_nanotecnologi
Em entrevista à TSF, Clivia Sotomayor Torres revela que acompanha o trajeto do INL desde 2010, altura em que visitou o laboratório pela primeira vez.
Hoje, numa posição distinta, a cientista da área da física chega com o desejo de ter uma liderança focada nos 473 colaboradores e, simultaneamente, modificar a estratégia do INL, de modo a que o laboratório volte a estar nas bocas do mundo.
"São essas pessoas que geram ideias e fazem investigação", frisa acrescentando que as suas opiniões e experiências devem ser valorizadas e incorporadas, de forma "orgânica" na "cultura do laboratório".
O futuro passará sobretudo pela Inteligência Artificial em que, neste momento, existem apenas "grupos pontuais" de trabalho e na aposta em Física de Tecnologias Quânticas. Sotomayor Torres pretende que o INL tenha um "papel muito ativo no programa português" e, futuramente, acesso a um computador quântico.
Um dos maiores desafios que a nova diretora-geral confessa ter em mãos está relacionado com a "obsolescência" dos equipamentos utilizados em 'Micro e Nano Fabricação e Microscopia Eletrónica'.
"Estamos num processo para eleger prioridades e perceber que equipamentos podemos substituir. Neste momento, seria impossível encontrar 50 milhões de euros apenas para substituir estes equipamentos, porém, sem estas infraestruturas o INL não pode ter um papel ambicioso em relação ao futuro", declara.
A responsável chama à atenção para o facto de os novos equipamentos necessitarem também de técnicos especializados assim como condições específicas, a título de exemplo, de temperatura. Clivia Sotomayor Torres revela, contudo, que já recebeu indicações de que as situações mais delicadas poderão ser ultrapassadas dentro de quatro anos.
Numa altura em que muitos investigadores estão "sobrecarregados com questões administrativas mais que científicas", o INL quer oferecer "tempo" para que seja possível gerar novas ideias. A equipa está a "otimizar processos e sistemas de apoio para que seja possível ganhar entre duas a três horas, pelo menos".
Atualmente, o INL conta com 405 investigadores de 31 nacionalidades com 238 projetos financiados, sendo que 104 estão ainda em curso. O que corresponde a um orçamento para 2023 de 8,4 milhões de euros para projetos que serão executados nos próximos quatro anos. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o INL conta com 16 projetos orçados em cerca de 50 milhões de euros.
O reforço de parcerias com universidades e outras entidades nos dois lados da Península Ibérica, e não só, também serão alvo de dinamização para que "não passem de um pedaço de papel".
Neste momento ainda não é conhecido o subdiretor-geral do INL. À TSF, Clivia Sotomayor Torres diz acreditar que a decisão poderá ser anunciada em meados de março de 2024.