"Muito satisfeitos com os resultados": IA pode prever ondas de calor sete semanas antes

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Um novo sistema de inteligência artificial desenvolvido pelo CMCC consegue prever ondas de calor extremo na Europa com quase 2 meses de antecedência. O investigador Ronan McAdam revela à TSF que foram usados algoritmos de otimização para identificar fatores que desencadeiam estes fenómenos
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Um novo sistema de inteligência artificial pode, em breve, alertar que vem aí novas ondas de calor extremo na Europa, com até sete semanas de antecedência.
Trata-se de um modelo de "machine learning" (em português, "aprendizagem da máquina") que treina a tecnologia para fazer previsões a partir de bases de dados, sem necessidade de intervenção humana.
O projeto foi desenvolvido por cientistas do Centro Euro-Mediterrânico para as Alterações Climáticas (CMCC). O líder desta equipa de investigadores, Ronan McAdam, adianta à TSF que o sistema é composto por duas bases de dados. "[Uma] sobre as ondas de calor e outra sobre várias condições atmosféricas e oceânicas, como a alta ou baixa pressão, [e] a temperatura do oceano em todo o mundo".
A partir desta informação, a equipa de investigadores utilizou um tipo de algoritmo chamado "algoritmo de otimização". "Isto significa que pode pesquisar em grandes bases de dados e encontrar ligações entre diferentes variáveis ou fenómenos", esclarece o cientista. De seguida, a equipa operou o algoritmo de forma a que procurasse por todos os potenciais fatores causadores das ondas de calor e que identificasse quais eram os mais relevantes para as ondas de calor na Europa.
Ronan McAdam admite que todos os envolvidos neste sistema estão "muito satisfeitos com os resultados" dos testes realizados na Europa. A ambição agora é levar a tecnologia a todos os cantos do mundo.
"Gostaríamos de testá-lo noutras partes do mundo e em todo o mundo. Se possível, para realmente compreender como e por que razão a 'aprendizagem da máquina' funciona e por que tem um bom desempenho".
Contudo, a ambição não fica por aqui. "No futuro, gostaríamos de ter um sistema operativo, algo a que as pessoas possam aceder gratuitamente através de um site, mas, em geral, gostaríamos que complementasse os métodos de previsão meteorológica existentes, porque penso que tem um grande valor utilizar mais do que uma abordagem: a aprendizagem da máquina e a tradicional", defende.
Em outubro, as Nações Unidas alertavam que quase oito em cada dez pessoas que vivem na pobreza estão diretamente expostas a riscos climáticos - sendo que 70% é afetada pelo calor extremo.
Os dados foram publicados no Índice Global de Pobreza Multidimensional de 2025, desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Iniciativa de Oxford para a Pobreza e os Direitos Humanos (OPHI).
Antes do arranque da COP30, o administrador interino do PNUD, Haoliang Xu, deixou um apelo aos decisores políticos: "As promessas climáticas nacionais devem revitalizar o progresso estagnado do desenvolvimento que ameaça deixar as pessoas mais pobres do mundo para trás."
