Nova janela para o universo: descobertas provas de "ruído de fundo" criado por ondas gravitacionais
Há muito tempo que os cientistas procuravam ondas gravitacionais de baixa frequência. Acreditava-se que andavam constantemente pelo espaço como um ruído de fundo, agora, há fortes indícios da sua existência. Veja aqui o vídeo.
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Astrónomos internacionais revelam "provas reais" de que as ondas gravitacionais de baixa frequência conseguem criar um "ruído de fundo" que ressoa por todo o universo. A descoberta é considerada um marco importante que abre uma nova janela para o Universo.
O estudo publicado, esta quinta-feira, e citado pela AFP, mostra que os cientistas foram capazes de "ouvir" ondas gravitacionais de baixa frequência, ou seja, mudanças no tecido do Universo criadas por "objetos enormes que se movem e colidem no espaço".
As ondas gravitacionais são uma teoria antiga. Há mais de um século, Albert Einstein já previa que as ondas gravitacionais eram ondulações no tecido do universo que viajavam à velocidade da luz. A confirmação desta teoria veio apenas em 2015, quando os observatórios dos EUA e de Itália detetaram as primeiras ondas gravitacionais criadas pela colisão de dois buracos negros.
Estas ondas de alta frequência são o resultado de uma forte e curta explosão em direção à Terra, mas já há muito tempo que os cientistas procuravam ondas gravitacionais de baixa frequência, ondas essas que se pensava que andavam constantemente pelo espaço como um ruído de fundo.
Um consórcio de cientistas trabalhou durante vários anos em detetores de ondas gravitacionais em vários continentes e, esta quinta-feira, revelou que foram encontrados fortes indícios destas ondas de baixa frequência.
Para chegarem a esta descoberta, os astrónomos analisaram os núcleos mortos de estrelas que explodiram numa supernova. Alguns desses núcleos giram centenas de vezes por segundo, emitindo feixes de ondas de rádio a intervalos extremamente regulares. Podem atuar "como um relógio muito preciso", explica à agência de notícias AFP Michael Keith, do European Pulsar Timing Array.
O astrofísico francês afirma que foi possível "detetar alterações de menos de um milionésimo de segundo ao longo de mais de 20 anos".
Uma das principais teorias adiantadas pela AFP é que as ondas gravitacionais surgem de buracos negros supermassivos, que se situam no centro de galáxias, e que se fundem lentamente.
Keith disse que o "ruído de fundo de todos estes buracos negros" era "como estar sentado num restaurante barulhento e ouvir todas as pessoas a falar".
Às 18h00 desta quinta-feira, este grupo de astrónomos vai apresentar oficialmente as conclusões deste estudo.