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Numa altura em que as empresas portuguesas têm sido atacadas por piratas informáticos, com o caso mais recente a envolver a TAP, o especialista em cibersegurança Francisco Nina Rente considera que há uma "falta de talento gigante" para ajudar empresas e Governo a lidar com os ataques.
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"Este é um dos problemas do setor (...), um problema mundial. Aliás, a União Europeia já publicou vários estudos sobre esta deficiência no mercado de trabalho e aponta para as dezenas de milhões de profissionais em falta nos próximos anos", afirma Francisco Nina Rente, sublinhando que "a estrutura académica portuguesa acordou tarde, mas acordou" e atualmente já há "graus académicos focados e muito bem estruturados na área da cibersegurança".
Ouça o resumo da conversa do especialista em cibersegurança com a TSF
Questionado sobre a opinião expressa esta terça-feira na TSF por José Tribolet, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, de que o importante seria criar uma espécie de ASAE que fiscalizasse os sistemas informáticos das empresas, o especialista diz que seria mais relevante reforçar as instituições que já fazem esse trabalho.

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"Já existem duas autoridades: uma específica para a segurança no ciberespaço e outra que indiretamente toca nesse tema. São o CNCS - Centro Nacional de Cibersegurança - e o CNPD - Centro Nacional de Proteção de Dados. São instituições mandatadas por lei para validarem, dentro de determinados âmbitos, as capacidades de cibersegurança que as instituições públicas e privadas têm", recorda.
O especialista que aconselha há vários anos empresas em matéria de informática recorda que até já aplicaram coimas a empresas públicas e privadas por falta de segurança, mas a criação de uma autoridade, tal como sugere José Tribolet, poderia ajudar nesse sentido: "É extremamente importante haver uma validação do quanto forte, correta e resiliente é a segurança de uma determinada empresa. Se for uma autoridade, ainda melhor porque terá um cunho com outro nível."
Sobre os recentes ataques informáticos, o último dos quais a envolver a TAP, Francisco Nina Rente afirma que não há surpresas, a "única diferença está na mediatização que o setor está a ter". O especialista afirma que nem o nome e dimensão das empresas envolvidas são surpreendentes porque "este tipo de ataques com esta magnitude sempre existiram". E acrescenta que hoje em dia "os sistemas estão interligados e no passado não eram tão completos na organização e, por isso, o impacto não era tão grande".