Com Hillary nomeada, será o discurso de Obama capaz de unir de vez o partido?
Oficializada a nomeação de Hillary Clinton, os democratas podem agora apontar de forma definitiva à candidatura Trump, mas há que contar com os apoiantes de Sanders. Obama pode ser decisivo.
Corpo do artigo
Em Filadélfia, nos Estados Unidos, Barack Obama é hoje a estrela fala na Convenção do Partido Democrata. Um discurso que irá acontecer pouco mais de 24 horas depois de a antiga primeira-dama ter sido nomeada, de forma oficial, como candidata do partido às eleições de novembro.
Apesar do momento histórico da nomeação da primeira mulher na corrida à Casa Branca - em representação de um dos dois grandes partidos norte-americanos -, o dia de ontem continuou a ser marcado por protestos de apoiantes de Bernie Sanders, mas, nas ruas da cidade, também não falta quem considere que é preciso deixar de lado as divergências e concentrar atenções na candidatura de Donald Trump.
E, para que a união dos democratas seja uma realidade, Barack Obama, atual presidente, pode ter hoje um papel decisivo.
No centro daquela que é apelida de "Cidade do Amor Fraternal", Patty Norcavage, vestida a rigor, enquanto apoiante de Hillary Clinton, é a favor da união e identifica-se como uma das democratas que confia na boa vontade do senador do Vermont.
"Eu acredito, com todo o meu coração, que o Bernie [Sanders] vai ajudar as pessoas a unirem-se. E, nós vencemos a nomeação. Podem dizer o que quiserem, mas é o nosso partido e foi a nossa decisão", afirma à TSF esta habitante da Florida, que acredita que a decisão do partido será compreendida pela grande maioria quando Barack Obama falar à Convenção.
"Eu penso que ele vai conseguir fazê-lo. Ele tem experiência na organização de comunidades, ele sabe como aproximar as pessoas. E ele não é alguém que incite ao ódio, é uma pessoa positiva. O nosso presidente é fantástico a juntar as pessoas", defende a democrata.
Alguns metros mais abaixo, junto do Sino da Liberdade, um dos símbolos de Filadélfia, James Kurtz é um dos democratas que assiste a um dos muitos debates que decorrem na cidade. Com um equipamento de ciclista, acredita que, acima de tudo, o partido vai pedalar unido para colocar um ponto final no caminho de um adversário que considera perigoso. Não só para os Estados Unidos, mas para todo o mundo.
"Eu apoio as políticas de Hillary e ainda mais as de Bernie. A minha intenção era apenas votar, mas agora sou um apoiante entusiasta dela, porque não nos podemos dar ao luxo de ter Donald Trump como presidente. Ele é perigoso, e receio que, se ele tiver acesso a armas nucleares, e num momento de fúria, vai acabar por premir o botão", afirma este enfermeiro de 59 anos.
Um receio que é acompanhado por Regina Dawson que, junto do filho - que é ainda uma criança - não esconde o medo de uma hipotética vitória do candidato republicano: "Seria assustador se Donald Trump vencesse. Estou preocupada pelas crianças e pelo que poderá acontecer pelo tipo de modelo que ele é".
Por entre os democratas, uma vitória de Trump é um cenário que muitos não querem sequer ponderar, apelando, por isso, à união - que poderá ser muito difícil de conseguir - dentro do partido, contra o magnata do imobiliário.
Esta noite, para além de Barack Obama, discursam ainda, no Wells Fargo Center, em Filadélfia, nomes como Joe Biden, vice-presidente dos Estdos Unidos, e Tim Kaine, o número dois escolhido por Hillary Clinton.
A TSF acompanha as eleições norte-americanas com o apoio da Fundação Luso-Americana de Desenvolvimento.