Yaneidi Guzman e o marido só conseguem levar para casa o equivalente a 26 euros por mês. Vivem com a barriga vazia e o coração pesado: a prioridade é alimentar os tês filhos.
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Yaneidi Guzman, de 38 anos, perdeu um terço do seu peso nos últimos três anos. É mais uma vítima da crise na Venezuela, onde a comida atinge preços exorbitantes e a inflação cresce 2.000.000% anualmente.
Desde que o salário mínimo aumentou, em janeiro, de 4.500 para 18 mil bolívares soberanos (de 4,5 para 18,18 euros), já é possível comprar um quilo de carne com este dinheiro, mas é preciso gastá-lo todo.
A dieta dos venezuelanos é pobre em vitaminas e proteínas e a subnutrição um problema cada vez mais comum.
À Reuters, Yaneidi Guzman conta que mesmo trabalhando em dois empregos ela e o marido só conseguem ganhar em conjunto o equivalente a cerca de 26 euros. A prioridade é alimentar os três filhos menores.
Em sua casa no distrito de Petare, em Caracas, há muito que o frigorífico está vazio, exceção feita a alguns sacos de feijões. Todas as refeições são à base de arroz, lentilhas e mandioca.
Yaneidi Guzman espera que a ajuda humanitária chegue ao país, mas teme que seja uma gota no oceano face às dificuldades dos venezuelanos. "Não comemos só uma vez", lembra.
Ao tentar fazer entrar ajuda humanitária no país, a oposição ao regime de Nicolás Maduro espoletou uma onda de violência nas fronteiras, com pelo menos quatro mortos e centenas de feridos, além de camiões incendiados junto à Colômbia e outros a regressar ao Brasil.
Para Maduro, a solidariedade não passa de uma ação de propaganda política da oposição e um primeiro passo para uma invasão estrangeira.
Já o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó anunciou que vai pedir formalmente à comunidade internacional que mantenha "abertas todas as opções para conseguir a libertação" da Venezuela.
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