A Adega de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez levou a cabo um programa invulgar de vindimas inclusivas na Região dos Vinhos Verdes.
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O incentivo à partilha de experiências entre gerações, a promoção da inclusão social e o contacto da comunidade com o património natural foram os objetivos.
O estatuto de cooperativa da quase sexagenária Adega de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez acarreta um papel de reconhecida importância no tecido social da região e tem um significativo impacto no plano económico.
Com cerca de um milhar de viticultores cooperantes, a Adega lançou um convite deveras especial e muito significativo a cerca de meia centena de 50 crianças do infantário da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca; a dois grupos de 25 pessoas portadoras de deficiência, que frequentam a APPACDM, e a uma dezena de idosos do lar da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca.
A restante comunidade local não foi excluída deste dia de celebração rural.
«O que é bonito neste mundo, e anima, é ver que na vindima de cada sonho, fica a cepa a sonhar outra aventura», escreveu o incomparável Miguel Torga.
E todos puderam sonhar, no dia de «vindima aberta», ao longo do qual o objetivo foi enaltecer a importância do vinho, enquanto atividade económica, ambiental e cultural, que transporta a ancestralidade do trabalho no campo até à modernidade das adegas de hoje, espaços onde domina a sofisticação tecnológica das práticas de viticultura e enologia.
Neste capítulo, a adega minhota investiu, recentemente, cerca de 2,5 milhões de euros em novos equipamentos com tecnologia de ponta.
A produção de vinhos genuínos, cujo perfil expresse o "terroir" da região, pois a origem conta, exige uma contínua busca da perfeição para fazer face a um mercado altamente concorrencial.
Percurso através das vinhas
A equipa técnica da Adega recebeu os participantes, que foram conduzidos através de um percurso lúdico e pedagógico através das vinhas, de modo a explorarem os diferentes tipos de solo, clima e castas.
A sustentabilidade, em particular, as preocupações com práticas de viticultura que permitam uma utilização mais eficiente dos recursos, como a água; a redução da utilização de fitoquímicos e a proteção dos solos contra erosão e compactação esteve em evidência no decorrer das visitas, ao longo das quais foram salientados os rituais associados à apanha da uva, às tradições dos processos de vinificação, bem como as características únicas do Vinho Verde, cuja evolução tem sido incrível, graças à investigação científica e inovação.
Da receção das uvas à vinificação
Na visita à adega, houve oportunidade para presenciar a receção da uva em tonéis antigos. O transporte das uvas foi efetuado pelos viticultores, protagonistas da vindima, atividade que mobiliza largas dezenas de famílias da Região dos Vinhos Verdes.
O percurso previa a passagem por três pontos pedagógicos: a avaliação do açúcar/álcool provável das uvas; a prova do sumo das uvas acabadas de esmagar e a visualização dos mostos em vinificação.
O processo de fermentação, a transformação bioquímica que decorre durante a vinificação, foi explicado ao longo do percurso, no decorrer de um dia enriquecedor para todos os participantes.