"Absolutamente extraordinário." Produtores alentejanos esperam "grande vindima" em 2023
Sobre a seca que afeta o país, o diretor-executivo da Ervideira revela que a empresa tem feito um investimento avultado na retenção de água e lamenta que os benefícios da barragem de Alqueva ainda não tenham chegado a Reguengos de Monsaraz.
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Em época de vindimas em muitas zonas de Portugal, o Alentejo foi mesmo a primeira região do sul a dar início às vindimas e, este ano, a previsão aponta para um ano "extraordinário" no que toca à qualidade dos vinhos.
O diretor-executivo da Ervideira, Duarte Leal da Costa, aponta, em declarações à TSF, para um dos melhores anos de sempre, não tanto em quantidade, mas no que diz respeito à qualidade do vinho.
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"O ano vai ser absolutamente extraordinário. Nós já temos 50% da colheita dentro da adega. A previsão do aumento da produção confirma-se ou não se confirma, é tanto quanto a gente esperaria, ou seja, nós estávamos a prever um crescimento bem grande, mas não foi um crescimento tão grande quanto aquilo que esperávamos. É um crescimento muito mais moderado e, por isso, vem para uma produção média, média mais", adianta.
Duarte Leal da Costa considera, assim, que a qualidade esperada para este ano é algo "extraordinário", sendo que 2023 está a ser "absolutamente diferenciador".
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"O Alentejo é uma região boa, é uma região constante, dá-nos vinhos extremamente regulares. Muita concentração de cor, aromas, boa acidez e um bom pH, que são muito bons para fazer vinhos de guarda e, por isso, espera-se uma grande vindima em 2023", diz.
O diretor-executivo sublinha que a Ervideira é "a única empresa do Alentejo" que tem um maior volume de negócios com os vinhos brancos, numa altura em que o consumo de vinhos tintos, a nível mundial, tem estado a cair.
"Os vinhos brancos no mundo têm continuado a crescer no seu consumo. Os vinhos tintos no mundo estão a decrescer, mas a queda dos tintos é superior ao crescimento dos brancos", esclarece, antes de acrescentar que a empresa trabalha também com o "invisível, que é um vinho branco, mas feito a partir de uvas tintas e que faz um volume muito considerável", pelo que a perspetiva para 2024 aponta para a venda de 65% vinhos brancos e 35% vinhos tintos.
Sobre a seca que se faz sentir em Portugal, Duarte Leal da Costa revela que a Ervideira tem feito um investimento avultado na retenção de água e lamenta que os benefícios da barragem de Alqueva ainda não tenham chegado a Reguengos de Monsaraz.
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"Aqui no Alentejo, há um perímetro de rega muito grande, que é o perímetro de rega do Alqueva, e que beneficia muitos agricultores, principalmente olivais e amendoais, não tanto vinhas, mas para nós, aqui em Reguengos, o Alqueva ainda não chegou e deveria ter chegado em 2015", afirma, um dia após o ministro do Ambiente e da Ação Climática revelado que 48% do território português está em seca extrema.
O diretor-executivo fala, por isso, num investimento ordem das "centenas de milhares de euros" num "sistema quase maquiavélico", que este ano tem evidenciado o seu retorno.
"Nós, na Ervideira, temos investido muito em armazenamento de água, mas quando eu digo muito, é mesmo muito. Já nas centenas de milhares de euros em construções de furos e de charcas e de um sistema quase maquiavélico de bombagem para armazenar água de inverno, para que haja água no verão e esse investimento, este ano, por exemplo, reflete o seu retorno", remata.