É a primeira vez nos últimos 25 anos que o estado de emergência é declarado na Etiópia. A morte de meia centena de pessoas de etnia Oromo durante uma cerimónia religiosa fez aumentar a tensão.
Corpo do artigo
Há muito que o povo Oromo, maioritário no país, se sente discriminado, mas agora decidiu sair à rua e internacionalizar o protesto. Numa manifestação de jovens Oromo que andam na universidade, em Adis Abeba, eles gritam que querem liberdade e justiça.
A TSF falou com Jawar Mohammed, um ativista exilado nos Estados Unidos que explica que há muito que os Oromo são marginalizados: "Historicamente os Oromo foram excluídos do processo político, cultural e económico".
Nos anos mais recentes o atual governo começou uma politica muito agressiva em relação às terras. Os agricultores Oromo são expulsos das terras que são entregues a investidores nacionais ou internacionais. Os Oromo acabam por ser obrigados a ir para as cidades onde se tornam mendigos ou continuam a trabalhar nas terras que eram deles mas para os novos donos.
Jawar Mohammed, jornalista e líder da Oromo Media Network diz que as exigências dos manifestantes nem são excecionais, eles querem um governo que respeite os direitos de todos.
Os atuais líderes do país são da etnia Tigraians que representa apenas 6% da população. Chegaram ao poder em 1991 com o apoio dos americanos e excluíram todos os outros grupos étnicos.
Com um regime apoiado nos militares, este ativista Oromo diz que foram muitos os que tiveram de fugir do país inclusive o homem que mostrou ao mundo a luta do povo Oromo. Feyisa Lileza, medalha de prata na maratona olímpica passou a meta com os braços cruzados, o sinal de protesto dos Oromo, um gesto hoje proibido.