O plano proposto pelo Conselho de Cooperação do Golfo prevê que o presidente do Iémen entregue temporariamente o cargo ao vice-presidente, que ficará a chefiar o país até à realização de novas eleições. Com este acordo, Ali Abdullah Saleh conseguiu imunidade para toda a família.
Corpo do artigo
Segundo a agência de notícias estatal do Iémen, Abdullah Saleh permanecerá oficialmente no cargo, a título honorífico, durante 90 dias. Findo este período o actual vice-presidente do Iémen, Abd Rabbo Mansour Hadi, passará a ser o chefe de estado interino durante 2 anos.
Esta não é a primeira tentativa para fazer com que Abdullah Saleh abandone o poder, no entanto fonte oficial do governo citada pela France Press afirma que desta vez o chefe de estado não vai recuar e irá assinar em Riade, na Arábia Saudita, o acordo que prevê o seu afastamento.
O presidente do Iémen recuou na intenção de saída por diversas vezes. Mesmo após ter estado afastado do país por motivos de saúde, Abdullah Saleh acabou por regressar e reivindicar o cargo de presidente que ocupa desde 1978. O presidente está no poder há 33 anos e, desde Janeiro, milhares de pessoas reclamam a sua saída. De acordo com um relatório recente das Nações Unidas os confrontos entre a oposição e o regime já provocaram centenas de mortos e milhares de feridos.
João Carlos Barradas, comentador de política internacional da TSF, considera que o afastamento de Ali Abdullah Saleh é por isso um dos elementos fundamentais para resolver a crise que atinge o Iémen há anos. Acrescenta no entanto que, embora este acordo possa marcar a entrada do país numa nova fase, com novos protagonistas, no curto prazo pouco deve mudar.
O comentador refere ainda que qualquer acordo que venha a ser assinado implica que as forças que estão no terreno deponham as armas, facto que considera não ser previsível nos próximos tempos.
De acordo com a agência de notícias estatal do Iémen, o ainda presidente recebeu ontem um telefonema de felicitação do secretário geral da ONU, por ter escolhido uma saída pacífica para a crise. No entanto, desde que se soube que Abdullah Saleh estava na Arábia Saudita para assinar este acordo, a capital do Iémen foi palco de novos confrontos entre as forças do governo e a oposição ao regime.