O grupo de 83 países apelou, em Istambul, ao regime de Assad para aplicar o plano de paz definido por Kofi Annan. Neste encontro, Portugal esteve representando pelo ministro Paulo Portas.
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Numa declaração final conjunta, «o grupo dos Amigos saudou os esforços do emissário especial Kofi Annan e exprimiu o seu apoio à aplicação integral do seu mandato».
O grupo «apelou ao emissário especial para marcar uma data limite para as próximas etapas, incluindo um regresso ao Conselho de Segurança da ONU se os assassínios continuarem», adianta o documento.
Em declarações à TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que representou Portugal neste encontro em Istambul, sublinhou a necessidade de acabar imediatamente com a violência na Síria.
«É preciso parar o massacre já. A paragem do massacre já depende única e exclusivamente da vontade do regime sírio, que se comprometeu há cinco dias a apoiar o plano Kofi Annan», afirmou.
«Mas a verdade é que cinco dias passados a repressão continua, a violação dos direitos humanos continua, o acesso à ajuda humanitária não existe, o acesso dos jornalistas ao seu trabalho também não existe e a sociedade síria continua debaixo de um regime completamente militarizado que usa as forças de segurança, as forças armadas e os serviços de inteligência para matar e ferir pessoas da sua própria população», lembrou Paulo Portas.
Na reunião de hoje, estiveram também representantes da oposição do regime sírio. O ministro Paulo Portas afirmou que há um compromisso cívico para instituir a pluraridade de opiniões no país.
«As várias frentes da oposição assinaram um pacto para a Síria pós Assad, e portanto mais democrática, que garante um ponto bastante importante: a Síria será um Estado que respeita as suas minorias religiosas. (...) Foi muito claro o compromisso com uma Síria em que a cidadania prevalece sobre divisões de natureza étnica, social ou religiosa», destacou o ministro português.
O plano do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, preconiza o fim da violência, a entrega de ajuda humanitária às zonas atingidas pelos combates e a libertação de pessoas detidas arbitrariamente.
De acordo com a declaração, os Amigos do povo sírio sublinharam, por outro lado, o direito da população síria à autodefesa, defendido com veemência no encontro pela Turquia.
No entanto, o armamento dos rebeldes, pedido pela oposição síria e por alguns países árabes, não é mencionado.
Os participantes na conferência também reconheceram o Conselho Nacional Sírio como «um representante legítimo de todos os sírios» e apelaram a todos os opositores sírios para se juntarem ao organismo.
Ainda segundo a declaração final, a conferência vai ainda constituir um grupo de trabalho sobre as sanções a adotar contra o regime sírio, que se reunirá «em Paris dentro de 15 dias» sob presidência francesa, precisou o chefe da diplomacia francesa, Alain Juppé.
Recorde-se que na passada terça-feira, o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, comprometeu-se a aplicar o plano apresentado por Annan, mas a continuação da violência deixa numerosos países céticos em relação às verdadeiras intenções de Damasco.
Mais de nove mil pessoas foram mortas na Síria desde o início do levantamento contra o regime de Bashar al-Assad, a 15 de março de 2011, de acordo com dados da ONU.