Sismo em Marrocos: autarca de Loulé descreve noite "inesquecível" passada "ao relento" e ao som de ambulâncias
À TSF, Vítor Aleixo refere que a manhã em Marraquexe é passada a limpar as ruas. O presidente da câmara de Loulé nota, ainda assim, que "a vida continua", uma vez que "as coisas vão voltando às rotinas normais".
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O presidente da câmara de Loulé, Vítor Aleixo, está em Marraquexe para uma conferência internacional da UNESCO sobre geoparques. O autarca conta à TSF que, na zona onde se encontra, está tudo calmo após o forte sismo de magnitude de 6.9, mas garante que esta é uma noite que não vai esquecer: dormiu num espaço ao ar livre.
"Foi uma noite passada ao relento, cobertos, porque a noite foi fresca. Ouviam-se ambulâncias a passar de vez em quando, não houve cortes de eletricidade aqui, não faltou a água. Todos esperámos que o tempo passasse e agora aqui estamos, acordámos de manhã com a notícia do número de mortos a crescer. Estas situações quando são assim tão intensas como foi o caso fica registo na memória para sempre e, portanto, é inesquecível", descreve o presidente da câmara de Loulé.
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Vítor Aleixo já foi à rua esta manhã e nota que encontrou menos gente, mas a vida continua.
"Eu saí à rua de manhã, os homens limpavam as ruas, os automóveis circulavam em menor número comparativamente com o dia de ontem, mas hoje também é sábado e não conheço os hábitos e costumes da cidade, mas pareceu-me que há pessoas de cá para lá nas ruas. Aparentemente a vida continua e, portanto, as coisas vão voltando às rotinas normais. As coisas foram bastante piores nos lugares mais rurais e altos do Atlas aqui nesta zona onde nos encontramos", acrescenta.
Pelo menos 820 pessoas morreram na sequência do forte sismo que abalou Marrocos, segundo o mais recente balanço divulgado pelo Ministério do Interior marroquino.
Também há mais de 670 feridos, 250 dos quais em estado grave, disse o ministério, num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
A província com mais vítimas registadas é Al Haouz, a sul de Marraquexe e próxima do epicentro, com 394 mortos, segundo o balanço até às 10:00 locais (mesma hora em Lisboa), citado pela agência espanhola EFE.
Segue-se Taroudant (271 mortos), Chichaoua (91), Ouarzazate (31), Marraquexe (13), Azilal (11), Agadir (5), Casablanca (3) e Al Youssufia (1).
O sismo atingiu a magnitude 6,9 na escala de Richter com epicentro na localidade de Ighil, 80 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe.
O terramoto, que ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilómetros às 23h11 locais (mesma hora em Lisboa), foi sentido em Portugal e em Espanha.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) precisou que foi sentido nos concelhos de Castro Marim, Faro, Loulé, Portimão, Vila Real de Santo António (Faro), Cascais, Lisboa, Torres Vedras, Vila Franca de Xira (Lisboa), Almada, Setúbal e Sines (Setúbal).
Foi ainda sentido com menor intensidade nos concelhos de Coimbra, em Albufeira, Olhão, Silves (Faro), Alenquer, Loures, Mafra, Oeiras, Sintra, Amadora, Odivelas (Lisboa), Santo Tirso, Vila Nova de Gaia (Porto), Santiago do Cacém, Seixal e Sesimbra (Setúbal), acrescentou o instituto.
De acordo com as imagens reproduzidas pelos meios de comunicação social, nas redes sociais e por testemunhas, o terramoto causou danos consideráveis em várias cidades.
O tremor também foi sentido em Rabat, Casablanca, Agadir e Essaouira, provocando o pânico entre a população.
Muitas pessoas saíram para as ruas dessas cidades, temendo que as casas desabassem, de acordo com imagens divulgadas nas redes sociais.