"Paz social foi alterada." Argentina decreta feriado nacional de repúdio pela tentativa de homicídio de Kirchner
Presidente da Argentina decretou feriado nacional para que, "em paz e harmonia, o povo argentino se possa expressar em defesa da vida, da democracia e em solidariedade com a nossa vice-Presidente".
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A Argentina decretou esta sexta-feira feriado nacional na sequência da tentativa de homicídio de que Cristina Kirchner foi alvo quando um homem tentou disparar uma arma de fogo contra a vice-Presidente, em Buenos Aires.
Repudiando o atentado, o Presidente Alberto Fernández anunciou, através de uma comunicação ao país, que decidiu decretar feriado nacional esta sexta-feira para que, "em paz e harmonia, o povo argentino se possa expressar em defesa da vida, da democracia e em solidariedade com a nossa vice-Presidente".
"O povo argentino quer viver em democracia e em paz, e o nosso governo tem o firme compromisso de trabalhar todos os dias para que isso seja alcançado", frisou.
Segundo disse Alberto Fernández, Cristina Kirchner "está viva" porque, "por alguma razão técnica desconhecida", a arma de fogo, que tinha cinco balas, não disparou.
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"Este atentado merece o mais energético repúdio de toda a sociedade argentina, de todos os setores políticos, de todos os homens e mulheres da república, porque estes acontecimentos afetam a nossa democracia", acrescentou, rejeitando os "discursos de ódio" e a "violência" no país.
Para o Presidente, o incidente que ocorreu na noite passada tem "uma gravidade institucional e humana extrema"e a "paz social foi alterada". "Não há nenhuma possibilidade que a violência conviva com a democracia", enfatizou.
CADENA NACIONAL - Mensaje del Presidente de la Nación, Alberto Fernández (@alferdez). https://t.co/dg2UDugDaz
- Casa Rosada (@CasaRosada) September 2, 2022
Por isso, "a Argentina não pode perder mais um minuto. Já não há tempo. É preciso parar a violência e o ódio do discurso político mediático e na nossa sociedade", disse, frisando que o país está obrigado "a recuperar a convivência democrática que se quebrou por causa do discurso de ódio de diferentes espaços políticos, judiciais e mediáticos da sociedade".
"Podemos ter profundos desacordos (...), mas numa sociedade democrática, os discursos de ódio não podem ter lugar", reforçou, convocando todo o povo argentino, dirigentes políticos e sociais, assim como a comunicação social e a sociedade a rejeitar qualquer discurso que promova a violência e a estigmatização.
Vídeos divulgados por vários canais de televisão mostram o momento em que uma pessoa apontou uma arma de fogo em frente ao rosto da ex-Presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015), quando esta saiu de uma viatura, perto de casa. Na sequência do incidente, um homem foi detido.
A agência noticiosa estatal Télam identificou-o como sendo um cidadão brasileiro. De acordo com a polícia local, o pai é chileno e a mãe argentina.
O incidente levou também a Associação Argentina de Futebol a suspender de todos os jogos agendados para o dia.
Os apoiantes da vice-Presidente têm-se reunido nas ruas em torno da sua casa desde a semana passada, após um procurador pedir uma pena de 12 anos para Kirchner num caso de alegada corrupção relacionado com obras públicas.
As tensões têm vindo a aumentar no bairro da Recoleta, em Buenos Aires, desde o fim de semana, quando apoiantes da vice-Presidente entraram em confrontos com a polícia nas ruas que circundam o seu apartamento, após as forças de segurança terem tentado desmobilizar os manifestantes.