Governo condenou o incidente, considerando tratar-se de uma tentativa de homicídio de Cristina Kirchner.
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Um homem foi detido esta quinta-feira na capital argentina, Buenos Aires, após ter apontado o que parece ser uma arma de fogo à vice-Presidente Cristina Kirchner, disse o ministro da Segurança, Anibal Fernández.
Vídeos divulgados por vários canais de televisão mostram o momento em que uma pessoa apontou a alegada arma de fogo em frente ao rosto da ex-Presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015), quando esta saiu de uma viatura, perto de casa.
"Neste momento, a situação deve ser analisada pela polícia científica para verificar as impressões digitais, a capacidade e a disposição que essa pessoa tinha", indicou aos jornalistas o ministro.
Apesar das questões em aberto, membros do Governo foram rápidos a descrever o incidente como uma tentativa de assassínio.
"Quando o ódio e a violência se impõem sobre o debate de ideias, as sociedades são destruídas e geram situações como a que hoje se vê: uma tentativa de assassínio", disse o ministro da Economia, Sergio Massa.
Os ministros do Governo do Presidente Alberto Fernández divulgaram um comunicado conjunto no qual "condenam energicamente a tentativa de homicídio" da vice-Presidente.
"O que aconteceu esta noite é de extrema gravidade e ameaça a democracia, as instituições e o Estado de direito", pode ler-se na nota.
Num vídeo divulgado depois, Alberto Fernández afirma que Cristina Kirchner "está viva" porque, "por alguma razão técnica desconhecida", a arma de fogo, que tinha cinco balas, não disparou.
"Este atentado merece o mais energético repúdio de toda a sociedade argentina, de todos os setores políticos, de todos os homens e mulheres da república, porque estes acontecimentos afetam a nossa democracia", acrescenta, rejeitando os "discursos de ódio" e "violência".
"Não há nenhuma possibilidade que a violência conviva com a democracia", reforça. Para o Presidente, o incidente tem "uma gravidade institucional e humana extrema" e a "paz social foi alterada".
Por isso, "a Argentina não pode perder mais um minuto. Já não há tempo. É preciso parar a violência e o ódio do discurso político mediático e na nossa sociedade".
A terminar a declaração, Alberto Fernández anunciou também que decidiu decretar o dia de hoje, sexta-feira, feriado nacional para que, "em paz e harmonia", o povo argentino se possa expressar em defesa da vida, da democracia e em solidariedade com a nossa vice-presidente".
CADENA NACIONAL - Mensaje del Presidente de la Nación, Alberto Fernández (@alferdez). https://t.co/dg2UDugDaz
- Casa Rosada (@CasaRosada) September 2, 2022
Uma hora antes do atentado, a deputada socialista Maria Manuel Leitão Marques tinha estado reunida com Cristina Kirchner. Falaram de vários assuntos, entre eles o processo no qual a vice-presidente da argentina é acusada de desvio de verbas em obras públicas, e nada fazia prever o que acabou por acontecer.
"No fim de semana já tinha havido aqui manifestações enormes à porta de casa e hoje vai haver outra grande manifestação na Praça de Maio. Ontem estávamos a jantar com senadores próximos da vice-Presidente naquele momento que imediatamente se levantaram e foram para o senado, o jantar terminou. O que sentimos aqui, e o que sentimos no Brasil também, onde estivemos antes, é que as eleições decorrem também com um grande temor de que existam atos de violência, com alguma cautela. É um problema grave desta região que se manifestou deste modo na Argentina que, como sabemos, tem também uma grande história de violência", contou à TSF Maria Manuel Leitão Marques.
TSF\audio\2022\09\noticias\02\19_maria_manuel_leitao_marques_atentado
O ex-Presidente Mauricio Macri também repudiou o ataque. "Este acontecimento muito grave exige um esclarecimento imediato e profundo por parte dos órgãos judiciários e de segurança", escreveu Macri na rede social Twitter.
Mi repudio absoluto al ataque sufrido por Cristina Kirchner que afortunadamente no ha tenido consecuencias para la vicepresidenta. Este gravísimo hecho exige un inmediato y profundo esclarecimiento por parte de la justicia y las fuerzas de seguridad.
- Mauricio Macri (@mauriciomacri) September 2, 2022
Os apoiantes da vice-Presidente têm-se reunido nas ruas em torno da sua casa desde a semana passada, após um procurador pedir uma pena de 12 anos para Kirchner num caso de alegada corrupção relacionado com obras públicas.
As tensões têm vindo a aumentar no bairro da Recoleta, em Buenos Aires, desde o fim de semana, quando apoiantes da vice-Presidente entraram em confrontos com a polícia nas ruas que circundam o seu apartamento, após as forças de segurança terem tentado desmobilizar os manifestantes.