Pelo menos 19 pessoas morreram no ataque que atingiu, esta madrugada, um hospital dos Médicos Sem Fronteiras, em Kunduz, cidade do norte do Afeganistão. A possibilidade da unidade ter sido atingida por engano por forças norte-americanas, a operar no âmbito da coligação internacional, vai ser investigada pelo Pentágono.
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Os Estados Unidos já apresentaram condolências pelo ataque. O anúncio desta investigação surge depois do secretário da Defesa norte-americano, em comunicado, ter anunciado que as forças dos Estados Unidos estavam a operar nas proximidades assim como combatentes talibãs. No comunicado não se assumia de forma clara que o ataque foi lançado pela aviação norte-americana..
Já antes, as forças militares dos Estados Unidos tinham admitido que um ataque das suas forças poderia ter provocado danos colaterais ou seja ter atingido as instalações hospitalares apesar de os Médicos Sem Fronteiras dizerem que forneceram as coordenadas do local à coligação várias vezes ao longo dos últimos meses. .
No balanço mais recente, os Médicos Sem Fronteiras actualizam para 19 o numero de mortos, incluindo 12 funcionários da organização e pelo menos 7 doentes sendo que três deles eram crianças. A somar ás vítimas mortais há ainda 37 feridos..
A Comissão Europeia condenou hoje o ataque desta madrugada contra um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Afeganistão e pediu a todas as partes que assegurem a proteção das instalações de saúde e humanitárias
"Estou profundamente consternado com a morte de pelo menos nove membros do pessoal da MSF no bombardeamento do hospital gerido pela organização na cidade afegã de Kunduz", afirmou num comunicado o comissário europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides.
Segundo a MSF, há muitos funcionários e pacientes desaparecidos, pelo que o balanço de vítimas ainda pode aumentar.
"As crianças, as mulheres e os homens afegãos sofrem as consequências humanitárias devastadoras de mais de três décadas de guerra. A MSF e outras organizações humanitárias realizam trabalhos de salvamento essenciais no Afeganistão, em condições muito difíceis", afirmou o comissário.
Stylianides apelou por isso a "todas as partes" que assegurem a proteção das instalações de saúde e humanitárias.
O governo afegão confirmou que o bombardeamento foi feito por forças dos Estados Unidos e responsabilizou os talibãs, afirmando que elementos do grupo insurgente se esconderam no hospital durante confrontos com as tropas afegãs.
O porta-voz das forças norte-americanas no Afeganistão admitiu que um bombardeamento dos Estados Unidos em Kunduz pode "ter produzido danos colaterais a uma instalação médica próxima" e que foi aberta uma investigação.
Os talibãs tomaram na segunda-feira Kunduz, cidade estratégica para as comunicações no norte do país, na que foi considerada a mais importante vitória dos insurgentes desde que foram afastados do poder em 2001.
As tropas afegãs anunciaram a recuperação do controlo da cidade na quinta-feira, depois de um contra-ataque apoiado por forças norte-americanas, mas os confrontos continuam, com os dois lados a controlarem diferentes bairros de Kunduz.