Autocarros começaram este domingo a entrar no reduto rebelde da cidade síria de Alepo, para recomeçar a retirada de população, suspensa desde sexta-feira, noticia a agência oficial síria Sana.
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"Os autocarros começaram a entrar nos bairros de Zabdiyé, Salaheddine, al-Machad e al-Ansari no leste de Alepo, sob a supervisão do Crescente Vermelho e do Comité Internacional da Cruz Vermelha para fazer sair quem falta dos terroristas e das suas famílias", noticiou a agência. O regime sírio utiliza o termo "terroristas" para designar os rebeldes.
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A AFP escreve que o desespero se apodera hoje de milhares de civis esfomeados no reduto cercado, cuja retirada foi adiada devido a desentendimentos sobre o destino de outras zonas cercadas.
Um correspondente da agência francesa que visitou um hospital no setor rebelde descreveu as condições chocantes em que os pacientes se encontram, deitados no chão, sem comida nem água e quase sem aquecimento, apesar de temperaturas que descem abaixo de zero durante a noite.
Milhares de civis e rebeldes tinham começado a sair de Alepo na quinta-feira ao abrigo de um acordo que dava controlo total da cidade ao Governo, ao fim de anos de combates. No entanto, a operação foi suspensa na sexta-feira, com as duas partes a culparem-se mutuamente.
O principal obstáculo à retomada das operações é a divergência sobre o número de pessoas a serem retiradas em paralelo de duas aldeias xiitas, Fua e Kafraya, sob cerco rebelde no noroeste da Síria.
O cessar-fogo e a retirada do leste de Alepo, no início desta semana, marcaram o fim do mais importante baluarte dos rebeldes nos cinco anos de guerra civil e a sua suspensão demonstrou a fragilidade do acordo de cessar-fogo.
Divergem os relatos sobre o número de pessoas ainda no enclave de Alepo, com cifras que vão dos 15.000 aos 40.000 civis, além de 6.000 combatentes.