França, Alemanha e Reino Unido pedem uma reunião urgente para fazer face à crise da migração. O primeiro-ministro italiano defende que a Europa tem de deixar de comover-se e começar a agir.
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A guarda costeira da Grécia resgatou e intercetou mais de 700 refugiados e migrantes este fim de semana ao largo de várias ilhas gregas.
Segundo a guarda costeira, a maioria das operações de resgate ocorreram junto às ilhas de Lesbos, Kos, Samos e Ikaría, no mar Egeu, uma zona que se converteu na principal porta de entrada para a União Europeia devido à sua proximidade com a Turquia.
Além destes 700 indivíduos, chegaram ao porto de Pireu, em Atenas, outras 2.488 pessoas na noite passada a bordo do "Eleftherios Venizelos", a embarcação que nas últimas semanas tem transportado os refugiados e migrantes das costas das ilhas helénicas até à plataforma continental grega.
A maioria dos migrantes foi transportada em autocarros para a estação central ferroviária, de onde partiram rumo à fronteira com a Macedónia, um país que, à semelhança da Grécia, tem sido palco de um vasto fluxo migratório.
Face à crise dos migrantes, os ministros do Interior de França, Alemanha e Reino Unidos apelaram entretanto para a necessidade de realizar uma reunião urgente de responsáveis do Interior e da Justiça da União Europeia "nas próximas semanas".
Bernard Cazeneuve, Thomas de Maiziere et Theresa May "pediram à presidência luxemburguesa da União Europeia a realização de um primeiro conselho de Justiça e Negócios Estrangeiros nas próximas semanas para preparar eficazmente as decisões da reunião de 08 de outubro, e avançar com propostas concretas", indica um comunicado publicado um dia depois de um encontro em Paris de nove países europeus sobre a segurança nos transportes.
Já esta manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, classificou de "escandalosa" a atitude de certos países do leste da Europa perante a crise dos refugiados, a começar pela Hungria.
A Comissão Europeia quer distribuir os requerentes de asilo pelos vários países europeus para 'aliviar' os países que estão a servir de entrada dos migrantes na Europa. No entanto, esta repartição, numa base voluntária, está a ser dificultada pela falta de vontade de alguns países, incluindo a Hungria, Áustria, Eslováquia e Eslovénia.
A Hungria, país que serve de porta de entrada para os migrantes e refugiados que pretendem chegar à Europa ocidental, ergueu uma barreira de arame farpado ao longo dos 175 quilómetros da sua fronteira com a Sérvia, atualmente vigiada por cerca de mil polícias, aos quais irão juntar-se mais dois mil a partir de 01 de setembro.
Também hoje, o primeiro-ministro italiano, Mateo Renzi, afirmou que a União Europeia tem de "deixar de comover-se e começar a mover-se" para encontrar uma solução sobre a questão da imigração.
Numa entrevista publicada no jornal "Corriere Della sera", Renzo criticou o facto de "as primeiras medidas" terem chegado após a cimeira extraordinária de abril, na sequência da tragédia no Canal da Sicília, na qual centenas de imigrantes morreram afogados após o naufrágio da barcaça em que viajavam.
"As imagens dramáticas destas crianças asfixiadas no camião e assassinadas no porão das embarcações dizem-nos que a Europa deve procurar uma estratégia", salientou o primeiro-ministro italiano, que pediu "a internacionalização desta crise", pois não é só um problema de Itália ou da Grécia.