O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, quer que a organização mantenha presença na Síria após o fim do mandato da missão de observadores, para apoiar os esforços de mediação do sucessor de Kofi Annan, indicaram hoje diplomatas.
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Numa carta dirigida aos países membros do Conselho de Segurança antes do fim do mandato da Missão de Supervisão da ONU (MISNUS), a 19 de agosto, Ban aponta várias opções para manter «uma presença efetiva e eficaz», disse um diplomata.
O Conselho de Segurança prolongou o mandato da MISNUS até 19 de agosto, mas advertiu que a missão deixaria a Síria se as condições de segurança e as perspetivas de resolução política da crise não melhorassem.
Os 15 países membros do Conselho devem debater o assunto a 16 de agosto e estão divididos. Os Estados Unidos mostraram-se céticos quanto à possibilidade de prolongar a missão, enquanto a Rússia defende que o mandato seja renovado.
Na carta, Ban constata que as condições estabelecidas pelo Conselho para manter a MISNUS na forma atual «não se materializaram», nomeadamente a cessação da violência, mas não recomenda formalmente a retirada dos observadores a 19 de agosto.
Ban, citado por diplomatas, defende que seja mantida uma presença que vá «além da ajuda humanitária» e que essa presença permita às Nações Unidas continuarem a ser informadas sobre a situação no terreno e ajudarem o novo enviado especial da ONU e da Liga Árabe a «cumprir a sua missão de mediação».
Um diplomata citado pela France Presse adiantou que pode ser criado um gabinete de ligação política destinado essencialmente a ajudar o novo enviado especial.
Após a demissão de Kofi Annan a 3 de agosto, a ONU e a Liga Árabe devem escolher em breve um novo mediador para o conflito sírio.
Segundo diplomatas das Nações Unidas, o antigo ministro argelino dos Negócios Estrangeiros Lakhdar Brahimi poderá ser o escolhido.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da Liga Árabe reúnem-se na Arábia Saudita no domingo para discutir o conflito na Síria e a substituição de Kofi Annan.
Os observadores da ONU foram destacados para a Síria em abril, mas suspenderam as atividades no terreno devido à violência, em junho, e o seu número foi reduzido para metade, passando de 300 para 150 militares não armados.
A violência na Síria, que teve início em março de 2011, quando o regime do presidente Bashar al-Assad começou a ser contestado nas ruas, já fez mais de 21 mil mortos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma organização não-governamental com sede no Reino Unido.