As autoridades sanitárias da Bélgica solicitaram ao governo de Haia para aceitarem a transferência de doentes para os Países Baixos.
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Entidades oficiais de Haia anunciaram esta tarde que receberam o pedido das autoridades sanitárias da Bélgica, para ajudar a aliviar a pressão atinge os hospitais belgas, que se encontra a poucos dias do limite de saturação. Mas "por enquanto" não há lugares vagos do outro lado da fronteira.
De acordo com a entidade que faz a gestão da rede de cuidados intensivos, nos Países Baixos, Haia quer "responder na base da reciprocidade", numa altura em que "a Alemanha ajudou" e vai receber doentes holandeses. Mas, a resposta de Ernst Kuipers, presidente da National Acute Care Network nos Países Baixos, à imprensa holandesa, é que "de momento é muito difícil e temos que fazer o nosso melhor para distribuir os nossos pacientes".
O dirigente não afasta uma resposta afirmativa ao pedido das autoridade da Bélgica, mas reconhece que seria "muito difícil acomoda-los" do outro lado da fronteira, principalmente porque "ambos os países enfrentam um enorme desafio".
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A estrutura que coordena os cuidados de saúde pública nos Países Baixos escusa-se a fazer qualquer descrição sobre a forma como foi endereçado o pedido. A porta-voz deste organismo, Wendy Lee citada pela imprensa belga, lembra a existência de "um acordo entre os Estados-Membros da União Europeia para receber pacientes uns dos outros, se necessário". Porém, apresenta uma justificação para indisponibilidade holandesa, numa altura em que a Bélgica está a duas semanas do colapso.
"Pode dever-se ao facto de haver poucas, ou até não existirem camas num dos Estados-Membros, para um tipo específico de tratamento ou porque existe um afluxo inesperado de doentes", esclareceu Wendy Lee. Os Países Baixos registaram 13192 novas infeções nesta segunda-feira e uma taxa de infeção de 1755.4, por 100 mil habitantes.
Colapso
Na Bélgica, problema centra-se principalmente no sul do país, na região de Liège. Porém, a transferência para os hospitais da Flandres também está afastada, por a região norte do país estar a "dez dias de distância" de atingir a média do restante território.
O número de doentes nos cuidados intensivos "duplica a cada oito dias", e dentro de "15 dias", se nada for feito, terão atingido o "máximo" de 2000 ventiladores, anunciou hoje o coordenador da Covid-19, Yves Van Laethem, tendo solicitado à população para limitar contactos sociais, e para adotar uma postura que pode ser interpretada como um confinamento voluntário.
"Aproveitem a natureza, vão fazer as compras, obviamente - as lojas estão abertas -, atirem-se às pequenas tarefas domésticas, aproveitem a música que gostarem de ouvir, redescubram um livro, ou uma série de televisão que estejam a seguir, de acordo com os gostos de cada um", sugeriu, pedindo, "principalmente, que limitem os contactos".
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Em Bruxelas, a partir desta segunda-feira é proibido sair à rua entre as 10 da noite e as seis da manhã e governo decretou novamente a utilização de máscara como medida obrigatória. O coordenador interfederal para a Covid-19 pede para que as regras sejam cumpridas ao detalhe.
"Não tentem contornar as regras, - como é hábito fazermos na Bélgica em muitas coisas - mas, agora não é o momento. Agora temos realmente de limitar os nossos contactos, sem tentar subterfúgios para contornar o que recomendamos", apelou.
O número de novas infeções diárias ultrapassa as 15 mil. Mais de 4800 pessoas estão internadas. Perto de 760 dependem de terapia intensiva. O número de doentes ligados ao ventilador "duplica a cada oito dias".
"Isto, significa, infelizmente, que se esses números e esta previsão não mudarem, devemos ultrapassar a barreira de 1000 pacientes nos cuidados intensivos, em 4 dias, - portanto, até o final da semana. E, se através do nosso comportamento, não invertermos a curva, em 15 dias devemos chegar a 2000 pacientes em terapia intensiva, que é a nossa capacidade máxima", alertou o coordenador interfederal da Covid-19.
Há menos de uma semana, a ministra da Saúde da região sul da Bélgica (uma das nove titilares da pasta) assumiu que não há médicos e enfermeiros, e pediu a ajuda de voluntários, profissionais ou de qualquer área. No apelo à mobilização geral da população, para enfrentar a segunda vaga nos hospitais e casas de repouso, Christie Morreale assumiu de antemão a possibilidade do país vir a requisitar camas em outros Estados da União Europeia para a transferência de doentes da Covid-19
"O principal é preservarmos o nosso sistema de saúde, e de organizarmos uma solidariedade entre outros hospitais e outras regiões. Posso dizer que ontem já foram transladados doentes entre regiões", relatou, admitindo que "se for necessário fazer transladações entre fronteiras, também o faremos".
As autoridades tem vindo a tentar decretar um novo confinamento geral, contra aquilo que têm sido os conselhos de alguns especialistas no país, como tem repetidamente defendido o antigo coordenador interfederal da Covid-19, Emmanuel André.
O especialista que ganhou notoriedade no país durante a segunda vaga, e se demitiu, alegando "razões pessoas", quando foram o país desconfiou, tem vindo a dizer que "dentro de dias a pressão será tão elevada, que as decisões vão chegar".
Durante o fim de semana, o governo local de Bruxelas anunciou medidas próprias, agravando as restrições, em relação ao que tinha sido anunciado na sexta-feira pelo governo federal.
O plano anunciado pelo ministro presidente do governo local de Bruxelas, Rudi Vervoort incide sobre as atividades de lazer e atinge de forma implacável o setor cultural.
"Vamos encerrar os espaços de cultura, nomeadamente tudo o que tem a ver com museus e salas de exposição. Vamos encerrar as salas de desporto, nomeadamente, as piscinas, ringues de patinagem, ginásios. Vamos proibir todas as competições desportivas amadoras, e autorizaremos os treinos apenas para os menores de 12 anos. Há interdição das excursões escolares. Encerramento de espaços recreativos, como casas de apostas", anunciou o ministro presidente.
"Autorizamos os serviços funerários unicamente com a presença de 15 pessoas, no máximo, com distanciamento de 1 metro e meio e sem possibilidade de exposição do corpo. Casamentos civis unicamente na presença do cônjuge, dos padrinhos e do notário. Casamentos religiosos, na presença do cônjuge, padrinhos e do padre", avançou.
O governo local pretende que "haja controlos reforçados, tendo em conta que o teletrabalho, que será mais do que uma norma, e torna-se uma regra". Para simplificar, Vervoort diz que "é, simplesmente, onde for exequível, tem de se fazer. Não estamos a dizer que recomendamos fortemente. Não. É: onde for exequível é para fazer".
O período de recolher obrigatório será alargado em Bruxelas e há novas restrições para os espaços comerciais, nomeadamente "o encerramento de todo o comércio às 20 horas. A instauração do recolher obrigatório das 10 da noite às 6 da manhã. E, evidentemente, nada de porta-a-porta ou desfiles de Halloween. Está claro. É também proibido".