Berlusconi convence Bersani a aceitar reunião para tentar formar «Governo estável»
O antigo primeiro-minidtro italiano Silvio Berlusconi revelou hoje que vai reunir-se com o líder do Partido Democrata (PD), para abordar o bloqueio político que o país enfrenta e tentar dar a Itália um Governo estável.
Corpo do artigo
«Finalmente Bersani aceitou e demonstrou disponibilidade para um encontro. A data ainda não foi definida, mas a minha posição e a do PDL é conhecida: é necessário dar um Governo estável e forte ao país para adotar medidas urgentes que se impõem para relançar a economia», afirmou hoje Berlusconi, líder do Povo da Liberdade (PDL), de centro-direita, em declarações a um dos canais de televisão de que é proprietário.
Com esse objetivo em mente, Berlusconi aludiu a oito medidas que apresentou no sábado passado como essenciais para começar uma nova legislatura, entre as quais a revogação do imposto sobre a residência habitual, uma série de bonificações fiscais a quem contratar sem termo certo e a abolição do financiamento público aos partidos.
«Só através dos oito pontos do nosso programa, que são oito projetos de lei que apresentaremos esta semana ao Senado, se pode sair da recessão e criar novos postos de trabalho», declarou o antigo primeiro-ministro, frisando que este é um gesto que «contrasta com a passividade das outras forças políticas», que acusa de já terem desperdiçado 43 dias (desde a data das eleições) e de se estarem a preparar para «perder mais tempo precioso».
A confirmação da disponibilidade de Bersani para se reunir com Berlusconi chega depois de um fim de semana em que destacados membros do PD o pressionaram publicamente a aceitar um diálogo com o antigo governante, conhecido como "Il Cavaliere".
Em discussão no encontro vai estar não só a formação do próximo Governo, condicionada pela ausência de uma maioria absoluta de Bersani no Senado italiano, mas também um possível acordo relativamente ao sucessor do Presidente da República, Giorgio Napolitano, cuja votação pelo parlamento começa na próxima semana que vem.
Desde as eleições que Berlusconi tem vindo a insistir na necessidade de formar um Governo de coligação que envolva o seu partido, o PD de Bersani, o separatista Liga Norte, de extrema-direita, e a formação centrista do primeiro-ministro em funções, Mario Monti.
Bersani, no entanto, descartou sempre qualquer aliança para um executivo com o PDL.
Num encontro hoje no Senado, Napolitano invocou o chamado «compromisso histórico», o acordo alcançado entre comunistas de democratas-cristãos em 1976 para levar o país para a frente num período em que Itália se encontrava numa grave crise política, e que acabaria por se romper abruptamente em maio de 1978, com o assassinato do presidente Aldo Moro, pelo grupo terrorista Brigadas Vermelhas, depois de ter estado sequestrado durante dois meses.
Napolitano recordou hoje, a propósito desse acordo, que foi necessário um amplo consenso e solidariedade.