O primeiro-ministro italiano, que prometeu demitir-se após a aprovação no Parlamento das medidas orçamentais e das reformas económicas exigidas pela UE, diz que não vai recandidatar-se.
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«Não vou recandidatar-me e sinto-me mesmo libertado», afirmou o primeiro-ministro, de 75 anos, em declarações ao jornal La Stampa desta quarta-feira.
Não havendo uma maioria, Berlusconi afirmou que tem de haver eleições antecipadas e aponta Fevereiro como a data mais provável.
Disse ainda que o candidato de centro-direita para o cargo de primeiro-ministro será o líder do partido PDL e ex-ministro da Justiça Angelino Alfano, que considerou «bravíssimo».
Mas antes das eleições, Berlusconi disse que é urgente aprovar as medidas de austeridade. «Primeiro, temos de agir, primeiro temos de sair deste carrossel infernal e perigoso», alertou, fazendo um apelo à maioria e à oposição para que se entendam de forma a que o pacote de medidas seja aprovado até ao final do mês.
Questionado pelo La Stampa se esta demissão resulta de um golpe dos mercados, Berlusconi respondeu que não se deve encarar a demissão como uma imposição dos mercados, mas como uma oportunidade.
Sobre o que vai fazer quando sair do governo, Berlusconi fez saber que vai continuar a tratar do AC Milan, de que é proprietário. Contudo, admitiu ainda dar uma mãozinha na campanha eleitoral.
Outro nome apontado pelo próprio editorial do La Stampa é o de Mario Monti, uma das figuras mais prestigiadas do país. Economista, antigo comissário europeu, presidente da Universidade de Milão, Mario Monti é apontado pelo jornal como a única solução sensata para evitar uma campanha eleitoral dramática.
Eleições antecipadas ou um novo governo com um novo líder é a dúvida que se coloca aos italianos, mas seja qual for a solução, o La Repubblica lembra que o virar de página tem de ser feito com a máxima urgência.
O La Repubblica escreve que a rendição de Berlusconi põe fim a uma época de 17 anos, mas abre-se agora uma crise, onde há pouco espaço de manobra para o senhor que se segue.
"O espaço político e temporal é muito estreito", escreve o La Repubblica, acrescentando que se ainda se quiser salvar o país, Berlusconi tem de sair de cena o mais depressa possível.
O certo é que Il Cavalieiri só se demite depois da aprovação das medidas de austeridade. Vai estar assim no governo pelo menos mais 20 dias.
Notícia actualizada às 09:09.