A operação em que foi morto Osama bin Laden, há um ano, começou a ser preparada três dias antes, quando o comandante das forças especiais norte-americanas recebeu autorização de Barack Obama para «avançar e capturar» o líder da al-Qaeda.
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A informação foi revelada na semana passada pela revista Time, em vésperas do primeiro aniversário do ataque de 02 de maio de 2011 ao complexo residencial de Abbottabad, no Paquistão, onde Bin Laden, o homem mais procurado do mundo desde os atentados de 11 de setembro de 2001, vivia há seis anos com três das cinco mulheres e vários filhos.
A revista reproduz um memorando, escrito à mão pelo então diretor da CIA, Leon Panetta, depois de receber "luz verde" do Presidente para o lançamento da operação militar. O memorando foi transmitido ao almirante William McRaven, comandante das forças especiais norte-americanas, às 10:45 de 29 de abril.
«A instrução é entrar e capturar ("go in and get") Bin Laden e, se ele não estiver lá, sair", escreveu Panetta, atual secretário da Defesa dos Estados Unidos, referindo-se a "uma chamada telefónica de Tom Donilon», conselheiro de segurança nacional do Presidente Obama.
«O 'timing', o processo de decisão e controlo operacional estão nas mãos do almirante McRaven", que, na qualidade de chefe do Comando de Operações Especiais Conjuntas, era o máximo responsável pela perseguição a Bin Laden. "Estas instruções foram transmitidas ao almirante McRaven aproximadamente às 10:45», escreveu.
Osama bin Laden morreu vítima de disparos na cabeça e no peito numa operação de uma força de elite da Marinha norte-americana, os SEALS. Dois helicópteros aterraram no pátio do complexo residencial de Abbottabad, nos arredores de Islamabad, e alguns comandos entraram na casa principal, matando Bin Laden num quarto do segundo piso.
Os EUA sustentaram sempre que o objetivo da operação era capturar Bin Laden, mas que este resistiu e, por isso, foi morto. No quarto, com ele, estava a quinta mulher, uma iemenita, que o terá tentado proteger e foi atingida num joelho. No total, cinco pessoas foram mortas na operação.
Segundo Washington, o cadáver de Bin Laden foi levado para o porta-aviões USS Carl Vinson, no Mar Arábico, onde, seguindo os rituais islâmicos, foi lavado e envolto num sudário branco antes de ser colocado num saco e lançado ao mar.
Assim que foi anunciada, no próprio dia, a operação foi polémica. Vários setores questionaram decisões como a de matar Bin Laden ou de lançar o corpo ao mar, com alguns a questionarem se o ataque teria sequer existido e onde estavam as provas.
Dias depois, a CIA aceitou mostrar fotografias do cadáver a membros de quatro comissões do Congresso. Um deles, o republicano James Inhofe, disse à CNN ter visto 15 fotos que, «sem qualquer dúvida», eram de Bin Laden e disse-se impressionado com as imagens. «Uma das balas entrou pela orelha e saiu pelo globo ocular. Horrível», disse.
A polémica sobre o destino dado ao cadáver ressurgiu em fevereiro passado, quando mensagens de correio eletrónico da empresa de segurança norte-americana Stratfor divulgadas pela Wikileaks sugeriram que o corpo teria sido levado para uma base secreta da CIA nos EUA. A alegação foi liminarmente rejeitada como «falsa e bastante ridícula» pelo Departamento de Estado.