Antigo líder brasileiro assinala que, na política, "ninguém mata e ninguém morre" e diz que vai conversar com os seus advogados para perceber o próximo passo a dar e a possibilidade de recorrer.
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O ex-Presidente do Brasil Jair Bolsonaro disse esta sexta-feira que levou uma "facada nas costas" ao ser considerado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcando um paralelismo com o episódio em que foi esfaqueado durante uma ação de campanha em 2018.
"Na política - esta frase não é minha - ninguém mata e ninguém morre. Tentaram me matar aqui em Juiz de Fora há pouco tempo, levei uma facada na barriga. Hoje levei uma facada nas costas com a inelegibilidade por abuso de poder político", disse aos jornalistas o antigo líder brasileiro depois de conhecer a decisão dos sete juízes, em Belo Horizonte.
O antigo responsável vai agora "conversar com os advogados" para tentar perceber o que pode fazer junto do Supremo Tribunal Federal (STF) neste caso, mas garante que "não é o fim da direita no Brasil".
Após a quarta sessão do julgamento que começou em 22 de junho, cinco juízes do TSE votaram pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro e dois votaram contra. Foi condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao realizar uma reunião com embaixadores estrangeiros durante a campanha presidencial a que concorreu, e perdeu, para Luiz Inácio Lula da Silva.
"Acredito que tenha sido a primeira condenação por abuso de poder político. É um crime sem corrupção", apontou também Bolsonaro perante os jornalistas.
Alexandre de Moraes, presidente do TSE e juiz do Supremo Tribunal Federal que tem em mãos vários casos relativos à tentativa de golpe de Estado em Brasília, foi o último a votar, com um discurso contundente contra Jair Bolsonaro.
Recursos públicos, transmissão ao vivo, "fartos ataques à justiça eleitoral", "replicação de notícias fraudulentas" com a intenção de "influenciar e convencer o eleitor de que estaria sendo vítima de uma grande conspiração do poder judiciário", começou por dizer o presidente do TSE, "toda a produção foi feita para que a TV Brasil divulgasse e a máquina existente de desinformação multiplicasse a desinformação para chegar ao eleitorado", denunciou o juiz.
Sobre a transição de poder para Lula da Silva, Bolsonaro defendeu que "foi feita na absoluta normalidade", mas lamentou o que veio a acontecer no início de 2023, com a invasão dos Três Poderes, em Brasília.
"Dia 30 saí do Brasil e infelizmente aconteceu o 8 de janeiro. Quem fala em golpe em janeiro não sabe o que é golpe, com todo o respeito, é um analfabeto político. Ninguém vai dar um golpe com senhorinhas e senhorzinhos com a bandeira do Brasil nas costas", criticou Jair Bolsonaro, que defende que "as pessoas que fizeram isso têm de arcar com as suas responsabilidades".