Lula da Silva promete dar destaque à agenda climática, mas com atenção aos 50 milhões que vivem da economia da Amazónia.
Corpo do artigo
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva classificou esta segunda-feira o regresso à União Europeia como "extremamente produtivo". Mas, a falar ao lado da presidente da Comissão Europeia, lançou críticas ao seu antecessor, Jair Bolsonaro para destacar a importância de um Brasil aberto ao mundo.
"O nosso país ficou seis anos afastado de qualquer atividade de política internacional, menosprezando a importância daquilo que significa relações diplomáticas, relações exteriores, comércio exterior, e nós voltamos ao governo para colocar o Brasil no centro da disputa do protagonismo internacional", começou por referir Lula da Silva.
A falar à entrada para uma reunião com a chefe do executivo comunitário, na sede da Comissão Europeia, Lula da Silva manifestou o interesse em "partilhar", com os países da União Europeia "a intensidade da atividade económica" que se regista atualmente de forma "intensa no Brasil".
TSF\audio\2023\07\noticias\17\joao_francisco_guerreiro_9h
Ciente que o clima é "um tema de interesse" para a União Europeia, Lula da Silva destacou o Brasil como "um país que tem uma forte tendência na produção de energia renovável", apresentando números que, segundo ele demonstram que "a transição energética, a transição climática" estão entre as prioridades do seu governo.
"Hoje nós temos praticamente 87% da nossa energia elétrica renovável, nós temos 50% da matriz energética renovável, contra 15% do restante do mundo", sublinhou, enfatizando que "o Brasil, todo mundo sabe, vai cumprir com a sua parte na questão do clima".
"Nós temos um compromisso com o desmatamento zero na Amazónia até 2030. É um compromisso, eu diria, quase que de fé, não apenas meu, mas do povo brasileiro", afirmou Lula da Silva, que classifica como "extremamente produtivo o regresso do Brasil à União Europeia".
Porém, no debate que pretende realizar com Bruxelas, Lula da Silva quer "que a União Europeia compreenda a necessidade de que existe na Amazónia sul americana [com] 50 milhões de habitantes que precisam ter condições de sobrevivência dignas e decente".
As questões ambientais são um dos tópicos a bloquear a concretização do acordo com o Mercosul, que foi finalizado em 2019, mas encontra-se bloqueado, à espera das ratificações dos parlamentos nacionais.
"A nossa ambição é resolver o mais rapidamente possível as divergências que ainda subsistem, de modo a podermos concluir este acordo", afirmou a presidente da Comissão Europeia, antes da reunião com Lula da Silva, prometendo que a UE será "um parceiro" com o desejo que o "acordo seja vantajoso para ambas as partes".
Von der Leyen salientou que este é "a primeira cimeira entre a União Europeia e os nossos parceiros da América Latina e das Caraíbas em oito anos" e, por essa razão, o encontro desta segunda e terça-feira assume uma "dimensão histórica".
Assinalando que "o mundo mudou durante esse período", com "uma pandemia global (... ), uma guerra de grandes proporções em solo europeu e estamos confrontados com o desafio geracional das alterações climáticas", Ursula von der Leyen manifestou a vontade de "trabalhar arduamente, de mãos dadas convosco, para enfrentar os maiores desafios do nosso tempo".
"Queremos debater hoje a forma de reforçar a ligação entre os nossos cidadãos, de reforçar a ligação entre as nossas empresas, de reduzir os riscos, de reforçar e diversificar as nossas cadeias de abastecimento e de modernizar as nossas economias de modo a reduzir as desigualdades e a beneficiar todos", comentou, a propósito da intenção de Bruxelas de diversificar as cadeias de abastecimento para a União Europeia.