Lula da Silva considera que "a guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza".
Corpo do artigo
O Presidente do Brasil criticou esta segunda-feira, em Bruxelas, o que apelida de "corrida armamentista". Lula da Silva estabelece uma relação entre a guerra da Rússia na Ucrânia e as dificuldades crescentes para a resolução de problemas do dia a dia, dadas as necessidades de investimento em defesa.
O presidente brasileiro falava na sessão de abertura do fórum empresarial União Europeia-América Latina, considerando que a guerra da Rússia na Ucrânia é um fator de agravamento da incerteza no mundo. Mas entende que as lideranças têm, mesmo assim, de encontrar resposta para as crises do presente.
"Cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos", defendeu Lula da Silva, admitindo que as crises dos últimos anos só agravaram os problemas existentes.
TSF\audio\2023\07\noticias\17\joao_francisco_guerreiro_lula_corrida_armamentista_bruxelas
"A pandemia da Covid-19, além de ceifar milhões de vidas, desorganizou o sistema produtivo nos quatro cantos do planeta, a mudança do clima evidencia a urgência em preservar a biodiversidade e os ecossistemas, a crise da democracia semeia a discórdia, a violência e a intolerância, solapando as condições da vida em sociedade e o planeamento da atividade económica", afirmou.
Para Lula da Silva, a agressão da Russia à Ucrânia constitui um novo fator de "incerteza mundial", ao conduzir à absorção de recursos necessários para enfrentar os problemas económicos e sociais.
"A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais", afirmou o chefe de Estado, convicto que "a corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima.
Sobre as questões comerciais, Lula da Silva destacou que "a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil", esperando que "a corrente de comércio possa ultrapassar este ano a marca de 100 mil milhões de dólares".
"Um acordo entre Mercosul e União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda este ano, abrirá novos horizontes", afirmou, tendo refutado a argumentação do lado europeu de que o Brasil precisa de contribuir para o combate às alterações climáticas.
"O Brasil já possui uma matriz energética das mais limpas do planeta: 87% de nossa eletricidade já provêm de fontes renováveis contra 27% da média mundial, e 50% de toda a nossa energia é limpa, enquanto no mundo a média é 15%", sublinhou.
Do pondo de vista de Brasília, é essencial "um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros".
"O Brasil tem um grande mercado interno de 203 milhões de pessoas, com enorme capacidade de consumo ainda reprimida, que vai requerer a ampliação de investimentos em bens duráveis, insumos e serviços associados", destacou Lula da Silva.