O Brasil é um país dividido entre o ex-militar radical e o substituto do candidato preso. Haddad e Bolsonaro voltarão a enfrentar-se nas urnas.
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Para vencer Jair Bolsonaro no dia 28, Fernando Haddad terá de alcançar um feito inédito na democracia brasileira. Nunca nenhum candidato que tenha partido em segundo lugar para a segunda volta conseguiu ganhar as eleições.
Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal) conquistou este domingo cerca de 46% dos votos, seguido de Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores), com 29%.
A democracia está "em risco", alertou o candidato do PT no seu discurso após conhecidos os resultados. "O Brasil está "à beira do caos", escolheu argumentar o candidato da extrema-direita.
Acabar com a violência e com a corrupção são as principais bandeiras de Jair Messias Bolsonaro, um candidato de amores e ódios.
Venceu a primeira volta das eleições mas este mês milhares manifestaram-se para dizer "ele não". Foi alvo de um esfaqueamento que o deixou à beira da morte mas também o fez subir nas sondagens. A partir da cama de hospital, fez campanha nas redes sociais.
Militar na reserva, Bolsonaro já se assumiu preconceituoso "com muito orgulho". Ao longo dos anos, ficou conhecido por um sem número de declarações polémicas.
"Mulher deve ganhar menos porque engravida", disse em 2015; "Não te estupro porque você não merece", disse a uma deputada do Partido dos Trabalhadores, em 2014; "Se eu vir dois homens na rua se beijando, vou bater", disse em 2002; "Afrodescendente... nem para procriador serve mais", disse em 2017.
Fernando Haddad é o candidato suplente do PT. Foi escolhido pelo próprio Lula da Silva como candidato presidencial a partir da cela onde o antigo presidente cumpre 12 anos e um mês de prisão.
Foi ministro da Educação nos governos de Lula e Dilma até voltar à política na cidade natal para ser, durante quatro anos, presidente da Câmara de São Paulo.
O candidato da esquerda é "o intelectual": Licenciado em Direito fez depois um mestrado em Economia e um doutoramento em Filosofia na Universidade de São Paulo, onde acabou por dar aulas de Ciência Política.
Heddad posiciona-se contra a legalização do porte de armas, contra a privatizalção de ativos públicos, contra as desigualdades sociais.