"Os ataques de mísseis do Hamas a partir de Gaza têm de parar. Os reféns têm de ser libertados." Borrell pede também mais ajuda para Gaza.
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Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia vão, esta segunda-feira, discutir o apelo do secretário-geral das Nações Unidas para que seja concedida uma pausa humanitária no Médio Oriente, face ao agravar da situação em Gaza.
À entrada para a reunião que decorre no Luxemburgo, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelou à libertação de reféns da parte do Hamas e insistiu para que cesse o lançamento de mísseis para Israel.
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"Os ataques de mísseis e rockets do Hamas a partir de Gaza têm de parar. Os reféns, as pessoas raptadas têm de ser libertadas. Obviamente, isso faz parte de qualquer passo em direção a uma desescalada, e temos de começar a pensar na forma de revitalizar o processo político", afirmou Borrell, defendendo que "a prioridade, neste momento, é prestar apoio humanitário a Gaza".
O alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, afirma que a chegada da ajuda humanitária é insuficiente. "No primeiro dia, foi permitida a entrada de 20 camiões, ontem foram mais 20. Mas, em tempo normal, sem guerra, entram em Gaza 100 camiões por dia", apontou, considerando que fica, "portanto, evidente que 20 não são suficientes".
Por outro lado, "é importante ter combustível para que a central elétrica funcione e a estação de dessalinização funcione. Caso contrário, não há água e não há eletricidade. E sem água e eletricidade, os hospitais mal podem funcionar", alertou, considerando premente a discussão entre os 27, sobre o apelo de António Guterres para um cessar fogo humanitário em Gaza.
"Obviamente, vamos discutir a questão de uma força humanitária. No Cairo, a questão foi muito debatida e o Secretário-Geral das Nações Unidas solicitou-a. E tenho a certeza de que os líderes da próxima Cimeira Europeia irão discutir o assunto. Como é que não podemos discutir o assunto? Certamente que sim", afirmou.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, considerou "fundamental que haja neste momento um diálogo intenso com todos, sobretudo também com os países árabes, os países da região", esperando que seja possível utilizar "esta terrível, [e] trágica crise para criar uma dinâmica de paz".
"É isso que tem faltado ao longo dos últimos 15 anos, de repente todos acordaram para o facto de haver problemas profundos por resolver na Palestina e na relação com Israel", afirmou o ministro, acreditando que "se alguma coisa de positivo puder sair daqui, acho que é nosso dever criar condições para que, a seguir esta crise imediata, e a resolver o problema imediato, se olhe finalmente para a solução dos Estados".
Outros tópicos
Os ministros realizam também esta segunda-feira um debate sobre a agressão da Rússia contra a Ucrânia, "centrando-se nos compromissos em matéria de segurança", refere uma nota do Conselho. Gomes Cravinho vê como "fundamental que esta guerra da Rússia contra a Ucrânia não seja esquecida devido aos acontecimentos no Médio Oriente", pois "é preciso impedir que Putin seja um vencedor da crise em Gaza".
A "evolução da situação" entre a Arménia e o Azerbaijão será objeto de uma troca de impressões entre os ministros.
Sanções
O Conselho adotou esta segunda-feira uma decisão de prolongar "por mais um ano, até 31 de outubro de 2024", as medidas restritivas em vigor "contra o estado islâmico e à Al-Qaeda, bem como contra pessoas singulares e coletivas, grupos, empresas e entidades a eles associado".
"Atualmente, o regime de sanções em vigor aplica-se a 14 pessoas e 5 grupos, que estão sujeitos ao congelamento de bens e à proibição de viajar para a UE. Além disso, as pessoas e entidades da UE estão proibidas de colocar fundos, ativos financeiros ou recursos económicos à disposição de quem está abrangido pelo regime de sanções", refere a nota já publicada pelo Conselho.
"A UE continua empenhada em agir contra aqueles que ameaçam a paz e a segurança internacionais ao planearem, financiarem e cometerem atentados terroristas e ao difundirem propaganda terrorista em todo o mundo", lê-se na mesma nota.