"Nunca foi tão elevado" o risco de uma saída desordenada do Reino Unido, admite Michel Barnier, que ainda assim não fecha a porta a mais negociações. Haverá mais tempo para ensaiar um novo acordo, se Londres mudar as suas "linhas vermelhas". Pelo sim, pelo não, a União a 27 vai acelerar os preparativos para o pior dos cenários.
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Num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, no dia seguinte ao chumbo da Câmara das Comuns ao acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), Michel Barnier, negociador-chefe da União Europeia para o Brexit, anunciou que uma saída ordenada continua a ser "a prioridade absoluta" da UE, que deve todavia preparar-se para o cenário que sempre quis evitar, o de um "não acordo", cada vez mais provável.
Na terça-feira, os deputados britânicos rejeitaram o acordo negociado pela primeira-ministra Theresa May para a saída do Reino Unido da UE, numa votação que o negociador-chefe da UE para o 'Brexit' considerou "clara como água", já que o acordo teve 432 votos contra e apenas 202 a favor.
"No momento em que vos falo, nenhum cenário pode ser excluído, e isso é particularmente verdade no caso do cenário que sempre quisemos evitar, o de um 'não acordo'. Estamos em 16 de janeiro, a 10 semanas apenas do final do mês de março, ou seja, do momento escolhido pelo Governo britânico para se tornar num país terceiro. E hoje, a 10 semanas dessa data, jamais o risco de um 'não acordo' foi tão elevado", declarou.
O responsável europeu insistiu que a vontade da UE a 27 "continua a ser evitar tal cenário" e apontou que também é necessário lucidez, pelo que vão ser intensificados os esforços para preparar essa eventualidade, que já foram iniciados há meses, num trabalho conjunto da Comissão Europeia, dos seus serviços e do secretariado-geral, em ligação com os Estados-membros e Parlamento Europeu.
"O trabalho vai ser acelerado, em ligação com todos os atores", disse, apontando que serão acertadas "medidas de urgência para fazer face às eventuais consequências".