A Comissão Europeia está à espera da formação do novo governo grego para iniciar conversações, manifestando abertura para trabalhar com o futuro executivo de Alexis Tsipras, mas recordando que há regras que têm que ser respeitadas.
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Hoje, à chegada ao Conselho, o presidente do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, limitou-se a dizer que «a Comissão trabalha com todos os governos» eleitos nos Estados-membros.
«É de bom senso que a Comissão trabalhe com qualquer governo, e é o que faremos com a Grécia», disse, quando questionado sobre a perspetiva de trabalhar com o líder do Syriza, Alexis Tsipras, um forte crítico da política de austeridade seguida na Europa.
Questionado sobre se está pronto a renegociar a dívida grega, como reclama o futuro primeiro-ministro, Juncker apontou por diversas vezes que primeiro é necessário esperar pela formação do novo governo e só depois podem começar as discussões, mas lembrou as «regras» sob as quais as discussões se desenrolarão.
«Temos as nossas regras, e as nossas regras foram estabelecidas de comum acordo com as autoridades gregas. Vamos ver quais são os pedidos do novo governo grego e vamos discutir, como discutimos com todos os governos».
Questionado sobre se já teve oportunidade de falar com Tsipras, Juncker limitou-se a dizer que o vencedor das eleições legislativas de domingo terá hoje assuntos mais prementes do que falar com o presidente da Comissão, designadamente a formação do seu executivo.
Também o comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, observou, à chegada à reunião do Eurogrupo, que é necessário «esperar que o governo seja formado», para então se discutir.
«Ontem (domingo) foi tempo para eleições, hoje para (formação de) governo, e amanhã (terça-feira) e nos dias seguintes para discussões e descoberta mútua», disse, acrescentando que agora é necessário «ver o que o senhor Tsipras pede enquanto primeiro-ministro» da Grécia.
Moscovici garantiu todavia que «a UE vai continuar a apoiar os gregos e a UE respeita plenamente as decisões dos gregos» e sublinhou que Atenas e Bruxelas têm um «objetivo comum», o de «uma Grécia que possa caminhar pelo seu pé», com mais crescimento e emprego, e que seja capaz de «pagar a sua dívida».
O Syriza, partido de esquerda anti-austeridade, ganhou domingo as eleições gerais na Grécia, com 36,3% dos votos, elegendo 149 deputados, dois abaixo dos 151 necessários para garantir maioria absoluta.