Bruxelas desvaloriza eventual "impacto" da crise política na atração de investimento
Comissário destaca antes a intenção de ser concluída a aprovação do Orçamento do Estado.
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A Comissão Europeia desvaloriza qualquer impacto que a crise política em Portugal possa ter sobre a atração de investimento estrangeiro. Questionado pelos jornalistas, o comissário da Economia, Paulo Gentiloni, destaca antes a intenção de ser concluída a aprovação do Orçamento do Estado.
"Tomo nota do facto de que, apesar da crise que se vive em Portugal, as autoridades decidiram prosseguir com a aprovação do orçamento antes das eleições e não creio que esta situação tenha impacto no investimento neste país", afirmou o comissário, à margem da apresentação no boletim macroeconómico do outono, no qual perspetiva um abrandamento do crescimento da economia, mas com um excedente orçamental já este ano.
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Portugal deverá encerrar o ano com um "excedente orçamental de 0,8% do Produto Interno Bruto". Bruxelas destaca a evolução das contas públicas, que "partiram de um défice de 0,3% do PIB", no ano passado, para alcançar uma situação de superavit em 2023. Em 2024, ainda haverá um ligeiro excedente de 0,1%. Em 2025, haverá um equilíbrio pleno entre receita e despesa, de acordo com a perspetiva de Bruxelas.
O comissário afirma que são visíveis "algumas ligeiras diferenças" nas estimativas da Comissão Europeia "em relação às projeções das autoridades portuguesas".
"Por exemplo, para 2023, o crescimento do PIB que projetamos é idêntico ao projetado pelo Governo e marginalmente superior à previsão do banco central português", embora, "para 2024", essa projeção seja "ligeiramente inferior, como acontece em vários outros países".
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"No que diz respeito à dívida, relativamente ao PIB, também temos uma ligeira diferença", assumiu o comissário, que esta quarta-feira apresentou uma projeção para uma descida da dívida abaixo dos 100% do PIB, só em 2025, contrariando o governo de Portugal, que espera alcançar esse resultado, já no próximo ano.
"Espero que estejamos errados porque gosto deste objetivo de ir abaixo (...) dos 100% que as autoridades portuguesas tinham nos seus planos e que nós também temos na nossa estimativa", frisou o comissário, desvalorizando as "pequenas diferenças", entre as perspetivas de Bruxelas e as do governo português.
Bruxelas espera que a dívida pública de Portugal em relação ao PIB atinja 103,4% em 2023, e continue a contrair-se para 100,3% em 2024 e 97,2% em 2025, "impulsionada por um diferencial favorável entre o crescimento e a taxa de juro e pelo efeito do saldo primário".