Bruxelas mantém perspetivas de crescimento para Portugal, mas fala em "sólida recuperação"
Peritos da Comissão alertam para "grande exposição" ao turismo, mas "ventos favoráveis" para o setor industrial compensam com "sinais positivos".
Corpo do artigo
A Comissão Europeia apresentou esta quarta-feira o boletim macroeconómico intercalar do verão, apontando para uma "recuperação sólida a partir do segundo trimestre de 2021", em Portugal. A evolução da economia acompanha "o alívio gradual das restrições à pandemia".
O boletim de verão mantém inalteradas as perspetivas apresentadas em maio, com uma perspetiva de crescimento de 3,9% este ano e de 5,1% e 2022. Mas, Bruxelas considera que os sinais de "recuperação" fazem-se notar "já no aumento acentuado no Indicador de Sentimento Económico da Comissão e em dados concretos sobre vendas no retalho, produção industrial e volume de negócios do setor de serviços".
No entanto, por via do "reaparecimento de novos focos de infeção", a Comissão Europeia deteta já um impacto "no ritmo de recuperação", considerando que este "foi atenuado pela reposição parcial das restrições temporárias em junho".
"Projeta-se que o PIB aumente 3,3% no segundo trimestre, após uma queda de 3,2% durante o confinamento rígido no trimestre anterior", refere a Comissão Europeia.
Os peritos da Comissão Europeia preveem "um novo aumento do crescimento [da economia] no terceiro trimestre", partindo do pressuposto que "o turismo estrangeiro em Portugal deva aumentar". Para tal contribuirá "a campanha de vacinação na Europa e o lançamento do certificado digital Covid da UE".
Mas, serão os "consumidores domésticos" os responsáveis pelo aumento do crescimento, ao longo deste ano e do próximo, admite a Comissão, considerando que "isto reflete a contenção da procura dos consumidores internos, bem como o apoio ao investimento público e privado do Plano de Recuperação e Resiliência do país".
Turismo
Uma vez mais, Bruxelas salienta que "as exportações de serviços continuam condicionadas pelo setor de viagens internacionais, sobre o qual não se espera uma recuperação total", até ao final de 2022. "No entanto, as perspetivas para as exportações de bens melhoraram desde a previsão anterior", salienta a avaliação de Bruxelas.
"Apesar das restrições de mobilidade, as exportações de bens de Portugal aumentaram substancialmente no primeiro trimestre deste ano, ultrapassando os níveis anteriores à pandemia. O crescimento das exportações continuou em abril, juntamente com uma nova melhoria nas carteiras de pedidos de exportação em maio", lê-se no texto.
Perspetiva
"No geral, prevê-se que o PIB aumente 3,9% em 2021 e 5,1% em 2022", com a economia a "atingir o nível pré-pandémico em meados de 2022", admite a Comissão.
Mas, os riscos permanecem "inclinados para o lado negativo devido à grande exposição do país ao turismo estrangeiro". Porém, em simultâneo, esses riscos são "agora amplamente compensados por sinais positivos no setor industrial, que poderia beneficiar dos "ventos favoráveis da procura global".
"A inflação aumentou de 0,2% no primeiro trimestre de 2021 para 0,5% em maio devido ao aumento dos preços da energia, que também teve repercussões nos serviços de transporte e em alguns bens industriais", aponta a Comissão, referindo que, em sentido contrário, "os preços do alojamento e dos restaurantes diminuíram substancialmente em abril e maio em relação ao ano anterior, mantendo assim a taxa de inflação geral bem abaixo da média da UE".
"Prevê-se que os preços dos serviços aumentem gradualmente ao longo do horizonte de previsão, enquanto se projeta que o impacto ascendente dos preços da energia e das commodities diminua em paralelo. No geral, a inflação deve aumentar para 0,8% em 2021 e 1,1% em 2022", refere a publicação.