Abdel Ghany, membro da federação egípcia de futebol e antigo jogador do Beira-Mar, disse à TSF que o campeonato foi suspenso porque é preciso perceber o futuro do Egipto.
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Esta quarta-feira registaram-se graves incidentes no final de um encontro da Liga egípcia de futebol, que causaram 74 mortes.
O compeonato foi suspenso «até fazermos uma reunião com o governo, com a polícia e com os militares para sabermos exactamente o que é que vai ser o futuro», disse à TSF, esta quarta-feira à noite, o antigo jogador, frisando que o sucedido tem a ver com política e não com futebol.
Abdel Ghany reforçou que é necessário parar para «ver exactamente o que vai ser o futuro do Egipto e não o futuro do futebol».
O pico de violência no Egipto acontece um ano depois dos protestos na Praça Tahrir, no Cairo, que acabaram por derrubar Hosni Mubarak.
A tragédia no estádio da cidade costeira de Port Said revela o vazio de segurança e a deriva política e social no país árabe mais populoso do mundo.
As claques do futebol egípcio dizem que, sem eles, não teria havido revolução no Egipto. Os Ultras Ahlawy e os Ultras White Knights (cavaleiros brancos) dinamizam de forma profissional os dois maiores clubes do Cairo.
O Al Ahly, o clube treinado por Manuel José, representa o povo o Zamalek as classes mais elevadas.
Para lá da rivalidade entre os dois clubes, as claques estiveram no mesmo caminho no apoio à revolução contra o regime de Mubarak. Organizaram campanhas online e houve mesmo membros desta claques que se imolaram pelo fogo, no inicio da revolta egípcia, há um ano.
Nos últimos dias, cresceram as denúncias de perseguição por parte da policia aos membros da claque do Al Ahly e os confrontos com forças policiais, uma situação que deve repetir-se esta quinta-feira, quando as claques voltarem a juntar-se no Cairo, numa marcha prevista entre o estádio e o Ministério do Interior.
Quanto a situação de Port Said, todos concordam que foi um primeiro momento e que vai repetir-se. Foi uma situação premeditada, porque muita gente foi armada com facas para o jogo.
A Irmandade Muçulmana, que confirmou nas eleições o estatuto de maior força política do Egipto, admite que outros incidentes deste género, ou ainda mais graves, venham a acontecer nos próximos tempos.